O que posso fazer?
O que posso fazer?
Foi a pergunta que me fiz dentro do banheiro, tomando banho.
Posso ser tolerante com a velhice, ser paciente com as intransigências, as carências, os medos existenciais do processo de envelhecer, a possibilidade da dependência física absoluta, a implicância com a morte inevitável.
O que posso fazer?
Foi a pergunta que me fiz dentro do banheiro, tomando banho.
Posso ser compreensivo, solidário com a solidão, o desamparo, o sofrimento, a desesperança, a implicância com a morte inevitável.
O que posso fazer?
Foi a pergunta que me fiz dentro do banheiro, tomando banho.
Nada.
Nada posso fazer para restaurar o equilíbrio, a estabilidade da vida social.
Nada posso fazer porque é uma tarefa que ultrapassa a capacidade individual, depende de empenho coletivo, ainda que estimulado por esforço pessoal, e evitar a morte inevitável da liberdade!