O que posso fazer?

O que posso fazer?

Foi a pergunta que me fiz dentro do banheiro, tomando banho.

Posso ser tolerante com a velhice, ser paciente com as intransigências, as carências, os medos existenciais do processo de envelhecer, a possibilidade da dependência física absoluta, a implicância com a morte inevitável.

O que posso fazer?

Foi a pergunta que me fiz dentro do banheiro, tomando banho.

Posso ser compreensivo, solidário com a solidão, o desamparo, o sofrimento, a desesperança, a implicância com a morte inevitável.

O que posso fazer?

Foi a pergunta que me fiz dentro do banheiro, tomando banho.

Nada.

Nada posso fazer para restaurar o equilíbrio, a estabilidade da vida social.

Nada posso fazer porque é uma tarefa que ultrapassa a capacidade individual, depende de empenho coletivo, ainda que estimulado por esforço pessoal, e evitar a morte inevitável da liberdade!

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 29/11/2024
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