ABRAÇADO À SOLIDÃO
Envelhecer abraçado à solidão deve doer fundo. Não ter ninguém pra dividir o pão, a cama e o chão é parada dura. Chegar da rua e encontrar a casa às moscas, sem alguma criatura pra sentir o nosso cheiro, contar do dia ou simplesmente saber que tá lá, dá vontade de chorar. Ter só aquele silêncio berrando, esperneando e zanzando por todo lugar deixa a alma arredia e desamparada.
Mas não dá pra negar que compartilhar a vida por vezes é indigesto e tem sua face tosca e deplorável. Mas sentir o fim da linha diante dos olhos e constatar que não teremos testemunhas, aplausos ou alguém pra nos velar, não tem roteiro pior.