ABRAÇADO À SOLIDÃO

Envelhecer abraçado à solidão deve doer fundo. Não ter ninguém pra dividir o pão, a cama e o chão é parada dura. Chegar da rua e encontrar a casa às moscas, sem alguma criatura pra sentir o nosso cheiro, contar do dia ou simplesmente saber que tá lá, dá vontade de chorar. Ter só aquele silêncio berrando, esperneando e zanzando por todo lugar deixa a alma arredia e desamparada.

Mas não dá pra negar que compartilhar a vida por vezes é indigesto e tem sua face tosca e deplorável. Mas sentir o fim da linha diante dos olhos e constatar que não teremos testemunhas, aplausos ou alguém pra nos velar, não tem roteiro pior.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 29/11/2024
Reeditado em 29/11/2024
Código do texto: T8208400
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