longe de casa
a leveza do ar contrastava com a intensidade da luz deste dia. a caminhar estava - chutando latinhas na rua. O som do metal refletia como um alerta a meus ouvidos: “acorde”.
naquele momento era apenas uma pessoa longe de casa. longe de mim. fugindo.
observava imperfeições em tudo. esta visão trazia um espelho à minha frente. mais latinhas surgiam e eu as chutava. as chutava e seu som metálico enlouquecia-me. por que arde tanto? por que fere-me tanto?
eu era apenas uma pessoa longe de casa. não conseguia entender.
desisti então de chutá-las. catei-as pois. observei-as. senti o frio metal em minhas mãos. o calor do sol as aqueceu...sim, não posso chutar as latinhas pois preciso colhê-las.
eu era apenas uma pessoa longe de casa. começando a entender.
observá-las de perto...ahhhhhh….que horror!!! a complexidade de perceber que minhas latinhas amassadas nunca mais voltariam ao que um dia foram deixou-me devastada.
mas eu era apenas uma pessoa longe de casa. e queria entender.
cansada, sento-me. eu era apenas uma pessoa longe de casa. aprendendo a entender.
avisto em meu horizonte uma bela construção. imperfeita.
Pessoas sorrindo dentro dela. Cantando ao dançar. Percebo em sua imperfeição a perfeição.
sorrio. entendo.
fui apenas uma pessoa longe de casa.
e agora entendo.