DOS MEUS CHÃOS
Foram tantos os chãos pisados nessa vida. Tive chão surrado, ardiloso e sutil. Tive chão apaixonado, rimado e encardido. Tive chão esculpido, ancorado e suado. Tive chão fraterno, opaco e servil. Tive chão esperto, alucinado e moleque. Tive chão aguçado, sussurrado e descabido. Tive chão torto, áspero e saciado. Tive chão descoberto, amparado e farto. Tive chão destronado, desmembrado e cabisbaixo. Tive chão domado, adocicado e vitorioso. Tive chão apartado, confuso e estranho. Tive chão espevitado, enfezado e florido. Tive chão maravilhoso, dissimulado e abençoado. Tive chão acarinhado, acuado e vadio. Tive chão zoado, encantado e divino. Tive chão exausto, calejado e repousado. Tive chão estraçalhado, aplaudido e disputado. Tive chão escrachado, faminto e desprezado. Tive chão aperreado, inflamado e inspirado. Tive chão engraçado, desalmado e senil. Tive chão exagerado, equilibrado e arrematado. Também tive chão que pisei e nada mais. Esse não teve a menor graça.