Ambientalistas Fanáticos e Fanáticos Religiosos - O que É Pior?

Aí está uma questão difícil de responder, porque ambos representam um enorme perigo para a sociedade. A intensidade dos danos que podem causar depende de fatores e circunstâncias e, não raro, até do local em que eles atuam.

Em linhas gerais, poder-se-ía dizer que um ambientalista fanático, ativo e com voz, se mal-informado, é mais perigoso do que um fanático religioso, porque enquanto este prejudica apenas aqueles que estão à sua volta e que comungam com suas idéias, aquele inflama os que o apóiam e, ao mesmo tempo, prejudica diversos grupos sociais que lhe são contrários, mesmo distantes da sua área de atuação.

Embora não defendendo qualquer tipo de generalização, excepcionalmente, sou obrigado a considerar: todo fanático religioso é mal-informado, porque baseia seus conhecimentos na Bíblia, nos Evangelhos ou outros livros "sagrados" que, como sabemos, não são fontes confiáveis de conhecimentos, porque eivados de lendas, crendices e passagens mitológicas. Já não se pode dizer o mesmo do ambientalista, porque, em sua maioria, são informados em relação ao que apregoam. O perigo existe quando são mal-informados e, concomitantemente, são fanáticos, como os fundamentalistas religiosos. Se não forem atuantes e/ou não tiverem voz, o perigo é minimizado, porque não têm como disseminar suas idéias. Mas, se ao contrário, além de mal-informados, forem ativos e tiverem voz, então o perigo é real e danoso à sociedade.

Até mesmo grandes organizações ambientalistas como ONGs, organismos e instituições de preservação do meio ambiente, podem incorrer nesse erro e, efetivamente, algumas delas incorrem, prejudicando comunidades isoladas e até  países ainda não desenvolvidos, quando se opõem a um desenvolvimento que eles não considerem sustentável. Ocorre que o conceito de “desenvolvimento sustentável” é relativo e quando eles trocam o relativo pelo absoluto, generalizam, cometendo erros de avaliação. Como conseqüência, ao invés de ajudar, prejudicam. Talvez por isso, Patrick Moore, ex-fundador do Greenpeace, tenha se afastado da ONG que ajudou a criar, quando esta começou a radicalizar em algumas questões ambientais. Mas isso não a inviabiliza, porque rumos podem ser corrigidos a qualquer tempo e a organização, de lá para cá, tem-se tornado mais realista e técnica.

A questão ambiental, hoje, tem de ser analisada em nível mundial, com um olhar na ciência e outro no social e, sempre, caso a caso, país por país, região por região. Uma regra que pode valer no país “A”, pode não valer no país “B” e valer apenas parcialmente num país “C”.

Voltando agora ao fanatismo religioso, cabe aqui um alerta: aquele fanático que, com uma Bíblia na mão, parava numa esquina de rua e começava a pregar para os passantes, reunindo pequenos grupos de 10 a 20 pessoas, não representava um perigo tão grande assim, porque atingia poucas pessoas. Mas quando vemos as igrejas evangélicas editando jornais e revistas próprios, comprando emissoras de rádio e televisão, formando "cantores de Deus", produzindo shows de música evangélica e fazendo proselitismo através do marketing religioso enganoso, aí a coisa muda de figura. Começam a abrir “filiais” em várias cidades do país e até no exterior. Ganham voz e adeptos, disseminando a mentira, vendendo falsas ilusões. Com isso, enriquecem e tornam-se poderosas. E esse poder não é do bem, já que dá margem ao charlatanismo, difícil de ser caracterizado, porque acobertado por leis falhas, que não previram as desvirtualizações de propósitos. Pessoas ingênuas e de boa-fé têm sido constantemente ludibriadas e exploradas pelos falsos pastores, bispos e missionários. 

Estamos diante de dois sérios problemas sociais – o fanatismo religioso e o fanatismo ambientalista – que precisam ser olhados com mais atenção e seriedade pelas autoridades constituídas, criando leis disciplinadoras para esse tipo de ativismo. Liberdade de culto religioso, de pensamento e de expressão sim, são direitos constitucionais. Mas sem excessos e fanatismos, mormente quando prejudicam a sociedade.

Aos que possam estar estranhando o meu posicionamento explico: sou ambientalista, membro do Greenpeace e colaborador de outras entidades ambientalistas; defendo a preservação dos rios, mares, oceanos e animais; defendo a pureza do ar, as florestas, as águas, a terra fértil, enfim, a natureza, com o que tem de mais elementar. Mas antes de tudo, sou um pensador, agnóstico, e professo também o humanismo secular. Como tal, tenho de ser racional e jamais radicalizar.

Por isso e sem medo de errar, concluo: ambientalismo, sim, mas sem fanatismo. Fanatismo religioso, jamais, em qualquer circunstância!