LIVRE PARA VOAR
Certa manhã no trabalho vi um pássaro. Estava com a pata quebrada. Ele mancava e bicava o chão, mancava e bicava... Estava com fome. Nunca gostei de pássaros em gaiolas, dá vontade de soltar todos. Tentei pega-lo. Ele voou...
No ano 2000 em outro serviço eu estava concentrado no meu trabalho. Quando se trabalha para não morrer de fome a concentração fica mais aguçada.
Então, ao longe, vi alguns homens em pé fazendo uma espécie de círculo. Fui lá ver. Tinha um cara no chão, caiu da escada e quebrou a perna, fratura exposta. A parte superior do osso da canela estava encostando no pé, não tinha hemorragia.
Eu fiz curso de primeiros socorros na marinha, quem trabalhava comigo não sabia disso, eles nem sabiam o que era a marinha. Então eu disse:
“Vocês não estão vendo que o homem está com a perna quebrada, estão esperando o que para tirar ele daqui.”
Delicadeza nunca foi meu forte, e isso não têm muita serventia em todas as situações.
Ajudei o acidentado e ensinei o que os outros deveriam fazer. Eu fiquei segurando a perna quebrada dele, não dava para fazer uma tala. Ele foi levado para a cidade às pressas.
Um tempo depois eu estava num ônibus, e vi aquele homem andando na rua, nem parecia que tinha quebrado a perna, não mancava, apenas seguia.
Às vezes eu acerto. Às vezes...