HIPER/TENSÃO

Na sexta-feira, dia de barzinho com amigos, decidimos pedir uma porção de batatas fritas com queijo. Ótimo! Esse prato é uma delícia. A fome era muita, eu estava aflita pela chegada das batatas. Sem concentrar-me no assunto que rolava, meus olhos perseguiam era o garçom, que corria de um lado para o outro. A cada aparição do rapaz com sua bandeja eu torcia: Tomara que seja para a mesa cinco, a nossa, naturalmente. Dia de muito movimento, o atendimento estava um caos. Demora e mais demora. Só depois das nove, por fim, vi chegar nosso ansiado pedido.

As batatas estavam deliciosas. Cortadas a palito, elas estavam sequinhas, douradas e crocantes. Agora era saboreá-las! De repente, eis que uma das moças do grupo reclamou: "Falta sal!" Lançou mão do saleiro e polvilhou vigorosamente as batatas com uma chuva de puro sal. Quase não acreditei no que vi. E pior foi provar aquele carregamento de cloreto de sódio sobre nosso prato. Parecendo ignorar completamente a reação do grupo (só gente hipertensa), ela passou a devorar aquele mar de sal com toda a força e gosto. Ia engolindo as batatas e dizendo: "Agora sim, estão uma delícia!" Diante da tensão gerada, ela nem se tocou. Achou foi bom: sobrou mais, ou tudo, para ela. Talvez a ficha da sem-noção caia no dia em que alguém à mesa despejar bastante açúcar na jarra de suco: ela é diabética.