O Drama do Churrasco de Domingo

Era um domingo como outro qualquer. O sol brilhava, as crianças gritavam, e o vizinho da casa 34 já estava assando carne desde às 8h da manhã. Aqui em casa, o churrasco estava marcado para o meio-dia, mas, como todo bom brasileiro, isso significava que a primeira linguiça só apareceria na grelha lá pelas duas da tarde.

Eu, no entanto, estava preparado. Acordei cedo, vesti a camiseta de time (que não via a luz do dia desde a última Copa), e fiz o que todo anfitrião faz para parecer ocupado: andei pela casa com um pano de prato no ombro, olhando para o nada.

- "Cadê o carvão?" – gritou meu cunhado, que só chega cedo para beber a cerveja dos outros.

E foi aí que começou a saga. Aparentemente, o carvão, que estava garantido no sábado, tinha evaporado durante a noite, provavelmente levado pela mesma entidade que some com as meias na máquina de lavar. Fui ao mercadinho da esquina, que, claro, só tinha carvão úmido. "É esse ou nada", pensei.

De volta ao lar, a grelha ainda parecia uma mesa de poker: cheia de apostas e nenhuma certeza. O carvão insistia em não pegar fogo, e a cada tentativa frustrada, alguém sugeria um truque novo.

- "Joga álcool!"

- "Usa óleo de cozinha!"

- "Chama o tio Zeca, ele sopra e pega rapidinho!"

Enquanto isso, o pessoal na sala já debatia se linguiça de frango era realmente carne, e o meu cunhado (ele de novo) resolveu fazer uma piada sobre como a churrasqueira "não era lá muito boa". Quase o coloquei na grelha.

Finalmente, às 15h, o fogo pegou, e a primeira rodada de carne saiu. Ou quase. Uma parte estava crua, outra queimada, e minha sogra, ao provar, disse:

- "Tá gostoso, mas um pouquinho salgado."

Tradução: "Isso aqui tá pior que sola de sapato."

No fim, todos comeram, reclamaram, e repetiram o prato – porque brasileiro é assim: quanto pior a comida, mais histórias ela rende. E eu, como bom anfitrião, fiquei com a pia cheia de louça, cheiro de fumaça impregnado até nos pensamentos, e a promessa de nunca mais organizar um churrasco.

Até o próximo domingo, claro.

Rodrigo

Ana Valentina

Victin

Davi da motoquinha

Arthur patinete