OS ENCANTOS DO VINIL
Outro dia fui visitar um casal amigo pela primeira vez. Ao adentrar a casa, fui observando fotos, poesias pelas paredes, lembranças, prêmios, livros, certificados, uma história inteira gravada naquele ambiente surreal. Li certa vez que a casa reflete muito sobre quem nela vive. E é assim mesmo. Em cada canto daquela casa, vi os donos me acenando de longe. Minha casa não é nem de longe parecida. Pudera, nós não somos parecidos. E nem precisamos ser. Mas voltei pensando: o que minha casa diz sobre mim? É uma pergunta que passou a me rondar depois daquele dia.
Coisas que me chamaram atenção também na casa foram a radiola antiga e os discos de vinil. Enquanto comíamos batatas fritas, amendoins e torresminhos com mandioca, ouvíamos o som que vinha da vitrola, trazendo letras de grandes nomes da música brasileira. Fiquei olhando a agulha deslizar sobre as ranhuras do Long Play, e viajei no tempo. Um arrependimento me bateu: dei todos os meus discos para um colecionador. Descobri que mudei muito de lá pra cá. Hoje eu não daria meus vinis, nem me desfaria da radiola com agulha. De qualquer forma, agora é tarde: meus discos estão tocando do outro lado do oceano. O jeito agora, para desfrutar dos encantos do vinil, é virar freguesa de radiola da casa dos outros. Quem mandou?