O Florista

 

Durante uma viagem, fotografei esta imagem que compartilho com vocês. Foi de surpresa. Caminhava pelas ruas de Óbidos, Portugal, ao virar-me, meus olhos focaram na figura do moço bonito da foto, carregando uma linda cesta de flores. A ação foi rápida, tempo para não perder o flash. Por uma fração de segundo, me vi como figurante de um filme de época. Mais tarde, observei que a cena que me encantou era mais comum do que imaginei pelas ruas de Óbidos. Um olhar mais atento aos pormenores de uma cidade histórica pode nos presentear com belezas memoráveis. Às vezes, as distrações e o tempo que ficamos numa fila para experimentar as guloseimas oferecidas nos pontos comerciais nos fazem perder a verdadeira beleza da vida em movimento. Na ocasião, ficamos de pé numa fila de vinte a trinta minutos para experimentar a ginja, bebida servida num mini copo de chocolate. E lá se foram oito euros num piscar de olhos. Tão rápido quanto o flash do florista que me rendeu esta memória de uma viagem inesquecível a Portugal. Não há dúvidas de que caminhar pelas ruas de uma cidade, com os olhos atentos às suas culturas — e não estou falando de museus, que também são importantes — estou falando das ruas, de seus costumes cotidianos, fará com que sua viagem seja muito mais proveitosa.

Guardei a fotografia como um tesouro. Guardei tanto que não a encontrava mais. Por diversas vezes, relatei a história da foto aos amigos e não a encontrava para comprovar o meu relato. Sempre que lembro da fotografia, recordo-me da cena. Fecho os olhos e vejo o moço bonito vindo em minha direção, caminhando lentamente no calçamento histórico de Óbidos, cidade cercada por muralhas milenares e habitada por um povo que preserva sua cultura. A encontrei misturada a tantas outras de mim mesma: selfies, muitas selfies. Que bom que, entre uma e outra, o florista passou na minha frente!