Mudar é da natureza de tudo o que existe...
Tudo o que existe está em movimento num constante deixar de ser e vir a ser. Nosso olhar capta parte deste movimento quando o dia ‘nasce’ e, ao anoitecer ele termina. Já foi deste modo, antes dos relógios e da precisão atômica na contagem do tempo, que nós definíamos a extensão do dia e da noite.
O movimento aparece para nós como perpétua mudança e, é inevitável mudar. Uma criança não consegue fazer o tempo parar, mesmo que ela tenha sonhos de Peter Pan; A adolescência invade seu corpo e sua mente, mas nem mesmo isso perdura. E assim as fases, etapas de nossa existência velozmente nos levam à velhice e mais pertos da finitude. Nosso corpo foi programado pela natureza, quem sabe pelo Divino, para ao se misturar a terra tornar-se outra coisa.
As estações do ano também nos indicam o contínuo movimento – hoje sabemos que a Terra gira em torno do Sol e em torno de si mesma -, mas isso também, será vivido de modo diferenciado em cada lugar do planeta. Na sucessão cíclica das estações os seres vivos estão ‘programados biologicamente’ para hibernar, perder folhas, florescer, frutificar, reproduzir-se e morrer. Como o ser humano todos os demais seres também se misturam a terra e tornam-se outra coisa.
Existem mudanças que quase sempre estão fora do alcance de nossa existência. Não conseguimos ver nas areias a montanha que se desfez ou as profundas valas de rios que hoje não existem mais, ou simplesmente são pequenos riachos. E inimaginável pensar que o imenso Saara já foi uma densa floresta. Ver nas poucas geleiras um remanescente das inúmeras glaciações, isso beira o absurdo, quando estamos entrando em desespero com o aquecimento global, que se diga de passagem, tem muito de ação danosa provocada por nós humanos.
O tempo de nossa existência é diminuto, se pensarmos nos milhões de anos que são necessários para o ir e vir dos continentes – que a ciência chama de deriva -, a extensão das mudanças provocadas por vulcões e terremotos. Somente uma fração disso tudo é de conhecimento consolidado. O tempo geológico é marcado pela mudança e o hoje faz parte de nossas referências de país, continente, ilhas... no passar dos milhões de anos pode tornar-se outra coisa.
O disco de luz brilhante (a Via Láctea) com seus bilhões de estrelas, nada mais é do que a nossa janela num universo ainda desconhecido e, até o momento, inalcançável para nós. Não é incomum os astrônomos observarem choques entre estrelas, nebulosas, o nascimento e a morte de sistemas muito parecidos com aquele no qual estamos. No telescópio só aparece uma tênue imagem de um passado longínquo. Nesta escala milhões de anos se parecem com os ‘dias’ da criação...
Se tudo é movimento...mudança, porque me surpreendo com isso?
Não existem respostas fáceis ou que encerrem em definitivo o debate. Os crentes – de toda e qualquer fé religiosa – não têm dúvidas: há um plano celestial a governar o princípio, o meio e o fim. Não é o caos que prevalecerá, pois a plenitude e a vontade divina se eternizarão. Para os não crentes o ‘sagrado’ é de outra espécie, ele recebe o nome de acaso, e o caos é sempre parte do caminho para seguir mudando. O que hoje existe já foi uma infinidade de coisas e continua em movimento. Não é um ato volitivo (de nossa vontade) mudar ou não, é simplesmente a natureza de tudo que há.
Abraço a mudança e integralmente (corpo/mente/alma/espírito...) sigo em frente!