O Chamado que Ignoramos
Se falo em Deus, os que me ouvem, posso contar nos dedos. E isso me faz perguntar: que tipo de católicos, ou melhor, que tipo de seres humanos somos, se preferimos virar o rosto diante de uma história que traz um chamado, ou silenciar quando a palavra nos convida a refletir sobre uma passagem bíblica? Por que ignoramos aquilo que, no fundo, pode nos transformar?
É estranho, quase inquietante, perceber como o sagrado parece assustar. Talvez seja o medo de olhar para dentro, de enxergar o que evitamos por tanto tempo. Talvez seja a dor de perceber que, para viver plenamente, precisamos mudar, e mudar nunca é fácil. Ou será que é apenas o peso de uma rotina que nos consome, que nos deixa surdos para o que verdadeiramente importa?
Mas será que não é justamente isso o que nos falta? Um instante para parar, respirar e ouvir. Não ouvir com a pressa do mundo, mas com a profundidade da alma. A palavra de Deus não é apenas um texto ou uma lição, é uma janela que se abre para iluminar os cantos mais esquecidos do nosso coração. E, no entanto, tantos escolhem fechá-la. Por quê? Por comodidade? Por resistência? Ou por medo de encarar a verdade que ela revela?
Professar uma fé sem vivê-la é como carregar um título vazio. Deus não nos chama para a superficialidade, mas para a profundidade. Não nos pede que sejamos perfeitos, mas que sejamos autênticos, dispostos a aprender, a crescer, a nos moldar. Ele está nas palavras que evitamos, nos textos que deixamos de ler e, principalmente, nos silêncios que ignoramos.
E aí está o grande desafio: abrir o coração e realmente ouvir. Ouvir não apenas com os ouvidos, mas com a alma, com a coragem de quem aceita ser tocado e transformado. Porque a palavra de Deus não é um fardo, é um convite à vida, um chamado à luz.
Como diz a Escritura: "Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal." (1 Pedro 3:12).
Então, pergunto: estamos prontos para ouvir? Para acolher a palavra que nos chama à mudança, ao amor, à fé verdadeira? Ou continuaremos a ignorar, escolhendo o conforto da indiferença? Talvez seja hora de deixar de contar os poucos que ouvem e começar a viver como quem realmente acredita. Porque Deus não nos pede apenas atenção; Ele nos pede o coração.