Josué e os tambores silenciosos

 

O jornalista, político e escritor Josué Guimarães nasceu em São Jerônimo, em 7 de janeiro 1921. Só nasceu. Com um ano foi pra Rosário do Sul e com dez pra Porto Alegre, onde construiu sua vida e conquistou, literal e literariamente, o Brasil e o mundo.

 

Sempre escreveu, mas primeiro entrou para o jornalismo e a política, obtendo êxito nacional e internacional. Somente aos 49 anos se tornou escritor, o segundo do Rio Grande do Sul de sua época (atrás de Erico Veríssimo) e um dos maiores do país, com romances, contos, novelas, infantis, teatro e crônicas. Sua primeira publicação, Os ladrões, um livro de contos, é de 1970. Foi autor mais vendido da Feira do Livro de Porto Alegre em duas ocasiões, com dois romances: 1978, com Dona Anja; 1980, com Camilo Mortágua. Dentre seus outros romances podemos destacar também A ferro e fogo I - tempo de solidão (1972), A ferro e fogo II - tempo de guerra (1975) e Os tambores silenciosos (1976).

 

Este último será debatido hoje na reunião mensal do Clube do Livro de Charqueadas, às 19 horas, na Biblioteca Pública Municipal Profª Vera Maria Gauss, no Parcão. Nele, Guimarães defende a liberdade e a democracia sob o pano de fundo dos curiosos acontecimentos da pequena cidade imaginária de Lagoa Branca, situada entre Passo Fundo e Cruz Alta. A história acontece durante a Semana da Pátria de 1936, em plena Ditadura Vargas. O prefeito, coronel João Cândido, fechara a cidade para o resto do mundo, impedindo a circulação de jornais, proibindo a posse de rádios e censurando a correspondência. Nesse quadro, sete irmãs solteironas, todas possuindo como primeiro nome Maria, observam a vida e os segredos dos moradores da cidade pela janela de sua casa, por um binóculo. E por aí segue Os tambores silenciosos, com passagens criativas e surpreendentes de realismo mágico, numa alegoria que, na verdade, satiriza a Ditadura Militar de 1964.

 

Josué Guimarães faleceu aos 65 anos, no dia 23 de março de 1986, em Porto Alegre. Suas últimas publicações foram o romance Amor de perdição (1986) e os póstumos A última bruxa (1987), infantil, e As muralhas de Jericó (2001), relato de viagem. Deixou inconcluso o livro que fecharia a trilogia A ferro e fogo, o volume Tempo de angústia.

 

O Clube do Livro de Charqueadas, criado a partir de uma ideia compartilhada pela bibliotecária Carina Pahim e pela professora Maria Inês Borne, reúne-se, via de regra, toda a terceira quarta-feira de cada mês, às 19 horas, na Biblioteca Vera Gauss. Em dezembro será debatido A terceira vida de Grange Copeland, de Alice Walker, no dia 18.