"CONSCIÊNCIA SEM COR" Crônica de: Flávio Cavalcante

CONSCIÊNCIA SEM COR

Crônica de:

Flávio Cavalcante

O dia 20 de novembro, oficialmente reconhecido como o Dia da Consciência Negra, deveria ser um marco de reflexão e aprendizado sobre a importância da igualdade. Contudo, para muitos, a data parece ser um lembrete desconfortável de que ainda vivemos em uma sociedade onde ser "CONSCIENTE" da negritude precisa de uma agenda própria, como se a valorização da humanidade pudesse ser compartimentada em dias específicos do calendário. É aqui que surge a questão: ao destacar diferenças para combater o preconceito, será que não estamos perpetuando, ainda que indiretamente, as divisões que tanto buscamos superar?

Discriminação não é apenas o ato de rejeitar ou menosprezar. É também o ato de isolar. Ao dedicarmos um dia à "consciência negra", podemos cair na armadilha de rotular e separar, quando o verdadeiro foco deveria ser o respeito incondicional pelo ser humano. Precisamos nos lembrar de que a luta por direitos iguais não deve ser limitada a uma cor, uma raça, ou um gênero; ela é universal, aplicável a todos. O respeito não escolhe tons de pele, não mede crenças ou sexualidade, nem faz distinção entre classes sociais.

O que falta em nossa sociedade não é um dia no calendário para relembrar as desigualdades; o que falta é respeito genuíno pelo próximo. Respeito pelos cidadãos e cidadãs que dividem conosco este espaço. Respeito pelos animais, pelo meio ambiente, e pelas diferentes maneiras de viver e enxergar o mundo. Cada indivíduo, independentemente de sua cor ou origem, carrega consigo o mesmo direito de ser tratado com dignidade e igualdade. A Constituição já nos declarou iguais perante a lei, mas parece que nossa mentalidade ainda insiste em hierarquias invisíveis.

A mudança que buscamos não se encontra em decretos ou homenagens. Está na educação de nossas crianças, nas conversas ao redor da mesa, nos exemplos diários. Respeitar é um exercício contínuo, um pacto silencioso que fazemos com nós mesmos e com a sociedade: meu direito termina onde começa o do outro.

Se queremos realmente homenagear a consciência negra, a consciência humana, ou qualquer outro valor digno, precisamos parar de enquadrar a humanidade em categorias. É hora de celebrar aquilo que nos une, e não aquilo que nos diferencia.

Mais do que um dia de consciência negra, precisamos de um dia universal da consciência humana. Que tal transformarmos todos os dias em momentos de respeito mútuo? Afinal, as cores que nos pintam por fora são meros reflexos da beleza interior que todos carregamos. Que a humanidade seja a única bandeira, e o respeito, a nossa única lei. Que assim seja.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 20/11/2024
Código do texto: T8201217
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