O LADO OCULTO DOS CONTOS DE FADA
É inegável os benefícios que os contos de fada podem proporcionar na vida de uma criança: Eles podem estimular sua imaginação tornando-as mais criativas, assim como podem desenvolver suas capacidades cognitivas. Isto sem contar que eles ainda podem ser grandes parceiros de incentivo ao hábito da leitura. Os contos infantis também têm o poder de despertar diversos sentimentos como amor, amizade, medo, raiva e senso de justiça, entre outros, ou seja, vai preparar o indivíduo para as emoções que sentirá na sua vida de adulto.
Ao ouvir ou ler um conto infantil, a criança penetra em um mundo mágico de fantasias, mistérios, aventuras e surpresas. Este mundo sedutor é formado por fadas, bruxas, príncipes, princesas, enfim, personagens tão perfeitos ou tão imperfeitos, que somente no mundo da imaginação podem existir. Estes personagens também são capazes de despertar sentimentos de amor ou ódio, conforme sua atuação na aventura.
Os contos de fada atravessam séculos encantando às crianças de todo o mundo. É impossível ouvir ou ler sem se emocionar com a história do Soldadinho de Chumbo, O menino e o Trem, O patinho feio e tantas outras histórias que embalaram a nossa infância.
Porém, ao analisarmos com profundidade os contos infantis, verificamos que eles também apresentam um lado negativo, violento e mesquinho, igual a vida real. Especialmente nos dias atuais, onde tudo está se transformando em politicamente incorreto. Histórias clássicas como o Negrinho do Pastoreio, por exemplo, se ainda não mudaram o nome, certamente o farão brevemente.
Mas, em se tratando de politicamente incorreto, verifica-se uma cena na história da Bela Adormecida, a qual emociona a todos, mas é tão absurda, que somente depois de adultos nos damos conta. É o momento em que o príncipe encontra a princesa Bela “adormecida” dentro de um esquife. O beijo que nos parece romântico e que, de tão apaixonado desperta a princesa, não passa de um ato necrófilo. Afinal, quem teria coragem de beijar apaixonadamente um cadáver?
Outra história clássica que encanta todos que a leem e que levou milhares de pessoas aos cinemas foi A Bela e a Fera. Por causa do roubo inocente de uma flor, a Fera prende o pai de Bela, mas aceita que ela fique no lugar do pai. Somente em uma história de fantasia, uma jovem bonita poderia se apaixonar por um ser tão horrendo como a Fera. Bela, na verdade, é vítima da Síndrome de Estocolmo.
O mais intrigante é que nestas histórias, aquele que consideramos herói, na maioria das vezes não passa de um grande vilão, mas vamos torcendo por ele. Desejamos que ele seja bem sucedido no final das contas. Um claro exemplo pode ser visto na história de João e o Pé de feijão. João rouba o gigante, depois o mata, mas quem ouve ou lê a história fica torcendo para que ele se dê bem. Parece inacreditável, mas torcemos pela derrota do gigante.
A história de Cinderela nos apresenta um quadro de exploração da mão de obra infanto-juvenil pela madrasta e pelas irmãs invejosas e ciumentas. Caso fosse escrito na atualidade seria condenado, censurado e, provavelmente jamais chegaria a ser publicado, por se tratar de crime contra menores.
Na antiguidade, as histórias não se destinavam ao universo infantil, justamente devido à violência, canibalismo, mortes, sexo e incesto presente nas narrativas. Com o passar do tempo as histórias sofreram mudanças visando contemplar o público infantil. E, ainda bem que as crianças de hoje, apesar de muito precoces, não se dão conta de que os contos de fada têm um lado oculto. E ele pode ser bem assustador e politicamente incorreto.