MANEIRAS DIVERSAS DE COMUNICAR UMA DEMISSÃO.
Quem é empregado sabe que o emprego na sua maioria é considerado por um número e que ali de passagem. Isto é fato. Agora, essa lengalenga de "vestir a camisa da empresa", ser chamado de "colaboradores" ou cada um "dar o seu melhor", etc. pode ser considerado fake. Neste caso só funciona mais quando a empresa, a firma, o negócio, o trabalho está de vento em popa, ou seja, tudo às mil maravilhas. Cumprimento daqui, elogios dali. Porém, quando o "bolo" empregatício começa a desandar, aí a corda arrebenta sempre para o lado do mais fraco. Isto ninguém tem a menor dúvida. E aqui é que mora o perigo, quando chega o momento de desligar um funcionário. Exemplos de termos demissionários:
- Você está demitido!
(Em seguida cita alguns motivos).
- A empresa sente muito, mas não teve como manter o seu emprego!
(Enumera alguns elogios, mas finalmente dar baixa na carteira)
- Como você já deve ter percebido, com a queda das vendas tivemos que dispensar muita gente...
- Você é uma pessoa competente, não falta, mas, infelizmente não temos como segurá-lo...
- Tentamos até arrumar outra seção, mas não conseguimos.
- Com a sua capacidade, logo você arruma outro emprego, talvez melhor...
Observações: Teve uma empresa, onde trabalhei por dez anos. Mudei de cargo pra melhor várias vezes. Quando começaram as demissões, por motivo óbvio de desaceleramento na economia, o número de funcionários foi diminuindo ao ponto de já me preparar, psicologicamente, para quando chegasse o meu dia. E este chegou, mas não da maneira como aconteceu. Pois ficávamos sabendo quem tinha sido mandado embora logo na entrada, que por sinal, não chegava a acontecer. Da portaria mesmo o funcionário já recebi um frio comunicado para voltar no dia seguinte ao RH (Recursos Humanos). Então, comigo aconteceu diferente. Entrei normalmente às 14.00 horas para trabalhar e nada de anormal percebi durante o expediente. Aliás, até na hora da janta, às 18.00, quando ao adentrar no refeitório, ao passar por meu supervisor imediato, o seu olhar me flechou como se falasse: "Esta é a sua última janta nesta empresa!" Comentei esta impressão aos colegas que dividiam a mesa comigo e todos foram unânimes em dizer: "Que é isso, rapaz, essa sua preocupação não faz sentido!" . "Dar uma carta de demissão a um funcionário no meio do expediente é covardia!" - falava outro. "Se ele lhe olhou assim como você falou é porque depois da janta vai lhe pedir um trabalho inadiável!"
Está bom. Veremos. A minha intuição é difícil de me enganar. Vamos aguardar pra saber quem tem razão.
Quando voltei da janta o telefone toca. Pensei: é o supervisor. Realmente, era ele, pedindo pra dar um pulo na sala dele. Logo que entrei e pediu para eu sentar, pensei: adeus emprego de dez anos. Bingo. Só que a minha demissão estava lá na portaria desde a hora em que cheguei pra trabalhar e ele pediu a pessoa para ocultar até segunda ordem. O que fez este supervisor neste ínterim? Tentou, segundo ele, reverter a minha demissão de todas as maneiras com a cúpula da empresa, mas não conseguiu. Até a frase de intimação ele ouviu: "ou o funcionário ou você, escolhe! Lógico que ele teve que me escolher, mas me deu carta branca, prometendo me recontratar nem que fosse para uma empresa concorrente. Agradeci todo o esforço dele e apenas avisei que ia permanecer na empresa mais 3 horas, pois no final usaria o ônibus da empresa pela última vez, principalmente devido ao horário e localização da firma. Isto foi numa sexta-feira. Se eu disser que após dois apenas da minha rescisão de trabalho recebi um telefonema me convidando para uma entrevista para um novo emprego numa firma concorrente pouca gente acredita. Segundo aquele mesmo supervisor: "plantou aqui, aqui se colhe" . Nesta outra e última empresa fiquei até a minha aposentadoria, modéstia a parte. Sem comentários maiores.