Jardineirinho de Luz
O sol mal despontava no horizonte quando o pequeno netinho, com seus olhos brilhando de entusiasmo, correu até a cama da avó. Puxou as cobertas com delicadeza e, com a voz cheia de energia, sussurrou:
— Acorda, Vovó! Vamos cuidar da vida!
Vovó, ainda com o rosto amassado de sono, abriu um sorriso preguiçoso. Não era a primeira vez que o pequeno jardineirinho vinha com sua missão diária. Ele continuava, como se um maestro regesse o dia:
— Dar bom dia para o dia, colocar comida para os passarinhos e cuidar das lotxinhas. Sou seu jardineirinho!
Era impossível não se contagiar com o entusiasmo daquele pequeno. A Vovó levantou, calçou os chinelos e seguiu o menino até o quintal. Lá fora, a vida já acontecia. O bem-te-vi Nina piava alegremente, enquanto o beija-flor azulão dava rasantes nas flores ainda cobertas de orvalho.
O netinho correu até o comedouro e espalhou as sementes. Logo, os pássaros começaram a se reunir, agradecendo com cantos. Depois, o jardineirinho pegou o regador, cheio até a borda, e começou a molhar as "lotxinhas" — um termo carinhoso que ele inventou para as plantinhas da Vovó.
Vovó, observando, pensou no quanto aqueles pequenos gestos representavam grandes lições de amor e cuidado com a natureza. O menino, com seu coração puro, estava cuidando da vida em todos os sentidos.
Ao final, enquanto o sol já brilhava mais forte, o jardineirinho se aproximou da avó, segurou suas mãos e disse:
— Tá vendo, Vovó? É assim que a gente ajuda o dia a ficar mais feliz.
E ela, emocionada, respondeu:
— E você é quem deixa meus dias mais felizes, meu jardineirinho.
Assim, os dois continuaram o dia, lado a lado, espalhando cuidado e alegria.
Helena Bernardes
15 nov 2024