ALZHEIMER

Seus olhos estavam perdidos no espaço e no tempo.

Suas mãos, igualmente, perdidas naquele afago antigo àqueles rostos infantis, suados que corriam pela casa e bagunçavam tudo.

Seus ouvidos procuravam ecos do burburinho daquelas vozes e sorrisos enquanto brincavam deixando brinquedos espalhados...

__Onde estão meus filhos?

Era a pergunta que mais se repetia entre os resquícios de memória e sanidade, quando de repente um vento levantava a poeira do tempo e fazia rodopiar no ar, seus fantasmas.

E ela balbuciava seus nomes na lembrança maternal.

E nesses instantes de loucura e lucidez, parece-lhe ouvir de novo duas vozezinhas responderem dentro do peito, do lugarzinho secreto em que brincam de esconde-esconde:

__ Achouuuu!

Então, em sua cadeira de balanço, desfiando nos lábios enrugados, empalidecidos e tristes, um fio enlouquecido de alegria, ela sorri.

By Nina Costa, in 15/11/2024.

Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 15/11/2024
Reeditado em 15/11/2024
Código do texto: T8197618
Classificação de conteúdo: seguro