CURTIR O MOMENTO
Nos conhecemos na academia.
Depois de alguns encontros eventuais ficamos colegas de treino e, vez ou outra, conversávamos sobre amenidades.
Enquanto compartilhávamos um equipamento, entre as séries, intervalos e repetições, ela explicou que era professora de matemática e que gostava de fazer cálculos, por isso era muito familiarizada com estes assuntos de progressões de cargas e rendimentos.
Realmente, ela sempre estava muito disposta, ao mesmo tempo que era alegre e muito divertida nos diálogos.
Ontem, muito entusiasmada, contou-me que, no final de semana, foi ao circo que está na cidade e perguntou-me se eu fui. Falei que não. Ela ficou negativamente surpresa e me fez um convite.
Disse-lhe que iria pensar, mas talvez não fosse…
Ela insistiu que seria legal, pois eu parecia ser uma pessoa muito inteligente e engraçada e que, certamente, eu gostaria.
Para não demonstrar meu lado estranho confirmei que também gostava de uma diversão, mas que eu era muito lógico, que ficava analisando as coisas de uma forma muito fria e linear e que meu pensamento, as vezes, ficava com observações distantes que não me deixavam aproveitar muito bem as coisas simples do momento.
Ela refutou. Disse-me que eu não aparentava ser assim e que eu estava apenas arrumando uma desculpa para não aceitar o convite e reforçou: Olhe para mim! Quem me vê séria na sala de aula ou treinando pesado na academia imaginaria que eu gosto de ir ao circo?!
Respondi de forma gentil e divertida que não seria uma conclusão muito simples…
Ela continuou: Tá vendo! Com você também deve ser assim… Isso é só uma sensação sua… olha o nosso papo: Não foi simples e leve? Respondi-lhe que sim.
Ela continuou: Então, como é que você pode se julgar ser tão lógico assim?
Atenuei dizendo para ela relevar e que era coisa minha, bobagens da minha cabeça…
Ela, mostrando-se compreensiva, questionou-me: Deixa eu testar… Seja sincero! Em sua análise sobre mim e nossa conversa você fez alguma observação lógica dessa relação entre academia, matemática e circo?
Respondi que havia algo em comum.
Ela perguntou: o quê?
Eu disse: trapézios.