"REPÚBLICA: O FAMOSO GOLPE DE MESTRE" Crônica de: Flávio Cavalcante
REPÚBLICA: O FAMOSO GOLPE DE MESTRE
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Dizem os livros de história que, em 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca, num surto de heroísmo (ou bronquite), subiu no cavalo e proclamou a República. Mas quem estuda um pouco mais percebe que essa história foi bem ensaiada. Monarquia pra cá, monarquia pra lá, e, de repente, puf! Viramos República. E o povo? O povo foi avisado pela fofoca do barbeiro no dia seguinte.
A promessa era boa: liberdade, igualdade, progresso, um futuro digno! Porém, o que se viu foi um festival de puxadas de tapete e malandragem política. Se a Monarquia já era uma festa reservada à elite, a República chegou como aquele penetra que bebe todas e vai embora sem pagar.
Logo de cara, a Constituição de 1891 foi escrita. Um documento lindo, com palavras tão bonitas que dá vontade de emoldurar. Mas a prática foi outra: leis de fachada, privilégios concentrados, e o povo, coitado, desfilando rumo à miséria com samba no pé. Afinal, "todos são iguais perante a lei" soava bem, mas só no papel.
Década após década, o país virou um verdadeiro tabuleiro de War. Governos iam e vinham, prometendo mundos e fundos, mas entregando pedágios e impostos. E aí vieram os golpes, as ditaduras, os pacotes econômicos, as promessas de moralidade... sempre acompanhados daquela boa e velha sensação de que algo estava muito errado.
A tal Constituição Brasileira – agora já na sua versão de 1988 – ganhou o apelido de "Cidadã". Bonito, né? Só esqueceram de avisar que ninguém ia respeitar. As cláusulas de proteção ao trabalhador, os direitos fundamentais, a transparência... tudo isso virou enfeite, enquanto as decisões continuavam sendo tomadas em reuniões fechadas com cafezinho e conchavos.
E assim segue nossa República: uma democracia vibrante, onde o povo tem o poder de escolher quem vai desobedecer as regras nos próximos quatro anos. Os políticos desfilam no Congresso como verdadeiros atores, em cenas que fariam inveja ao Oscar. Enquanto isso, o cidadão médio luta para pagar os boletos e comprar o pão, que já não vem mais com manteiga – manteiga é luxo!
No final das contas, parece que a Proclamação da República foi um daqueles convites para uma festa que prometia ser o evento do século, mas acabou em confusão, sumiço de bolsas e ninguém lembrando quem era o anfitrião.
A armadilha começou em 1889 e nunca foi desarmada. Mas a gente, teimoso, ainda dança nesse salão, acreditando que o próximo baile será melhor. Afinal, somos brasileiros: otimistas natos, mesmo quando a orquestra desafina.
Flávio Cavalcante