Cansei. Definitivamente não nasci para fazer dietas, passar fome e me trancar em uma academia durante duas horas ou mais todos os dias. Ah, que saudades da minha juventude onde tudo era tão mais fácil, mais simples. Ok, uma alimentação saudável e exercicios são excelentes para a saúde, mas seria muito bom se os médicos entrassem em um acordo sobre o que é bom e o que faz mal para o povo. A cada ano tudo muda e quando você chega aos 50 ou 60 anos, tudo piora e vira um inferno. Não existe um consenso entre os profissionais de saúde e nossa vida vira um caos. Como era bom quando eu limpava meu rosto com leite de colonia, passava o creme nívea azul no rosto, no corpo e saía feliz para aproveitar a vida. Uma felicidade plena!

          Outro dia assisti uma entrevista de um personal trainer que prometia uma vida saudável com regrinhas simples. Interessado, resolvi assistir. Comecei a perceber que eu e ele tínhamos definições diferentes do significado da palavra simples. De acordo com o programa dele, eu teria apenas 12 regrinhas fáceis a cumprir e tudo estaria bem. Quando a entrevista acabou achei que tinha duas opções: entrar em uma ordem religiosa onde meu único objetivo seria seguir as regrinhas e fazer minha orações ou esperar a morte, que seria lenta e dolorosa. Tá bom, posso estar exagerando, mas não muito.

          Não devemos viver na saudade, mas as coisas já foram bem mais simples no passado, leia-se anos 80. Funcionavam assim: a gente dormia tarde e acordava tarde. Naquela época entravamos de férias no dia 1 de dezembro e só voltávamos as aulas após o carnaval. Vivíamos de mesada, às vezes fazíamos bico de muambeiro - compras no Paraguai para revender - e assim passavamos o verão inteiro. Não precisávamos de muito porque um ajudava o outro e um garrafão de vinho sangue de boi ou uma cuba libre - coca cola com ron montilla - era suficiente para passarmos a noite toda.

          A praia era o nosso ponto de encontro. Infalível. Todos sabiam o local e a hora - antes do meio dia nem pensar - e o que cada um tinha de levar. Pegavamos sol sem nenhuma preocupação usando rayito del sol, devidamente contrabadeado do Paraguai, ou óleo de urucum da água de cheiro para ficarmos bronzeados. A ordem era quanto mais bronzeados melhor. Comíamos sanduiches e camarão fritos comprados na praia mesmo e a noite saíamos para dançar agarradinhos, paquerar, roubar o primeiro beijo e de madrugada voltávamos andando, falando de tudo e de todos, dando gargalhadas. 

          Nossa maior preocupação? Ser feliz naquele dia, naquela noite. Tem alguma coisa melhor que a simplicidade da vida? Parafraseando Fernanda Lima: Anos 80, por que não voltam?

José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 14/11/2024
Reeditado em 14/11/2024
Código do texto: T8196992
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