Lições de Vida ao Inverso

Esses dias estava falando com um amigo que perdeu as duas pernas em um acidente. Lembrou-se do início: do remorso, da culpa e da falta. Falta de andar, falta de jogar futebol. Falta...

Com o passar dos anos, aprendeu a se virar sem as pernas. Vive sempre ao lado de uma cadeira de rodas, encontrou um amor, encontrou novas diversões, encontrou maneiras diferentes de fazer aquilo que fazia. Só não corre nem descansa as pernas.

- Excelente! Exclamei. Que bom que superou tudo isso.

- Superei uma ova. Apenas aprendi a viver sem elas, mas ainda me corta o coração quando paro e penso no que perdi.

Chegando em casa, parei para pensar nas coisas que tinha ouvido. E uma rápida analogia com o trabalho me levou a pensar nas diversas coisas que perdemos para nos adaptar a algumas regras da empresa (o tão falado Corporate Game).

Já vi pessoas perderem a paciência. Não apenas durante as 8 horas de trabalho, mas se tornarem pessoas mais duras – inclusive em casa. Talvez porque façam coisas que não concordam durante muito tempo.

Também já vi pessoas perderem ideais. Isso é uma das coisas mais tristes. Geralmente isso ocorre porque se conformam em fazer aquela tarefa depois de um tempo. Já tentaram mudar, fazer diferente, mas tiveram respostas negativas todas as vezes. Acabaram desistindo e aprendendo a fazer as coisas daquele jeito não natural.

Meu amigo me ensinou uma grande coisa aquele dia: você pode até fazer as coisas de uma forma que vá contra a sua natureza. Entretanto, sempre sentirá falta daquilo – sempre. Isso, com o passar dos anos, pode tornar-se uma grande ferida, uma chaga aberta.

Se você está nesse caso, atenção. Pode ser a hora de revolucionar o que você está fazendo agora, mudar pra valer, dar um ultimato.

Se as mudanças não vierem, pense bem. Talvez trocar de emprego lhe salve a saúde, lhe devolva as pernas.

Dr. Zambol

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