Festa da cumeeira

Faz cinco anos, aproximadamente, que frequento aulas de Pilates.

Os parceiros vão mudando com o passar do tempo. O grupo atual do meu horário é formado por mais duas pessoas que só levam a alegria ao ambiente de exercícios. Essas sessões servem especialmente para desopilar, descontrair, espairecer, relaxar. Nossos exercícios semanais, fazem com que diminuamos a tensão, a ansiedade ou a tristeza desse mundo confuso em que vivemos.

Eu e o Aderbal conversamos mais do que usamos os aparelhos.

A Dona Olisabeth pouco conversa conosco, porque quer manter a saúde em dia. Porém, quando abre a boca, saem sábias frases que enchem o ambiente com conhecimentos gratuitos.

A fisioterapeuta, Laís, responsável por fazer melhorar nossa qualidade de vida, promover nosso alinhamento postural ainda nos auxilia no fortalecimento muscular. Sempre alegre e extrovertida nos ensina a termos melhor coordenação motora e ainda outros objetivos por ela estabelecidos.

Mas o que tenho, no momento para explanar é sobre a casa de praia que Aderbal está construindo no sul catarinense.

Todo final de semana ele se desloca até a obra para melhor coordenar os pedreiros. Aposentou-se e resolveu que descansaria melhor se vivesse um pouco à beira-mar em vez de viver junto à selva de pedra em que mora. Como ele gosta de falar: “Resumindo...”, vou colocar a letra da música de Everaldo Ferraz, Casinha da praia, que condiz mais ou menos com a situação:

Vou construir perto da praia uma casinha

Bem bonitinha para ser o nosso lar

Eu quero ver o sol nascer de manhãzinha

Sentir a brisa que vem das ondas do mar

E quando a noite for chegando

Nós dois na rede a balançar

Juntinhos ouvindo na varanda

As ondas quebrando lá no mar

Na areia branca de mão dadas com você

O sol ardente o seu corpo a bronzear

Cada momento que existir em nossa vida

Felicidade entre nós a germinar

Sei que ele já passou da idade para tanto romantismo, mas quem sou eu para julgar. Ele pode ser romântico o quanto quiser e ninguém tem nada com isso. Quando soubemos da edificação, falamos que ele tinha que fazer a festa da cumeeira.

Ele fez de conta que não sabia, ou não tinha conhecimento mesmo, e perguntou-nos o que era.

Falamos que segundo as tradições, quando uma construção chega à cumeeira (cume do telhado), os proprietários, no caso ele próprio, promovem uma festa de agradecimento a todos que ajudaram na edificação. Nos qualificamos como ajudantes, pois damos palpites, incentivo e até o fisioterapeuta Gilberto se sentiu na obrigação de ser convidado.

Falamos para o Aderbal para quando chegar à cumeeira não esquecer de colocar uma guirlanda (coroa de flores) com fitas coloridas amarradas, ficando facilmente vista nas imediações. Se der trabalho com o enfeite ele pode amarrar ramos e palmas.

Aguardamos com ansiedade a festa da cumeeira que terá cerveja e churrasco à vontade para os operários e os incentivadores que, nesse caso, somos eu, a Dona Olisabeth, o Gilberto e a Laís.

Pedimos que inclua também no convite o nome da Lai que se afastou do grupo por motivos particulares, mas era a que mais o estimulava.

A Festa da Cumeeira traz sorte para a construção, para quem mora sob o teto e, também, para os que a visitam.

Aroldo Arão de Medeiros

19/06/2022

AROLDO A MEDEIROS
Enviado por AROLDO A MEDEIROS em 14/11/2024
Código do texto: T8196385
Classificação de conteúdo: seguro