Mazaropi vs. Taffarel

No verão de 89 eu fingia interesse por futebol. Para um garoto de 14 anos não gostar de futebol é um pecado capital, eu portanto, tentava me ajustar torcendo para o Grêmio, time de meu pai. Naquele fevereiro acontecia o Gre-Nal do século, valendo uma vaga para a final do Brasileiro. Na mesma semana uma coluna de jornal ganohou a minha atenção apresentando um assunto que eu levaria para sempre na minha vida profissional. O artigo comparava os goleiros dos dois times.

De um lado, Tafarel, goleiro com um talento inato que o colocaria mais tarde em uma carreira brilhante à frente da seleção, chegando a campeão do mundo. Do outro Mazaropi, já com seus 38 anos, dedos retorcidos de tanta bolada. Um sobrevivente, um homem que chegou onde chegou fruto muito de trabalho duro e obstinação. Não possuía nem de longe o talento de Taffarel, mas era um lutador e havia chegado lá. Ao comparar os dois profissionais a reportagem apresentava um interessante ensaio sobre talento versus técnica, aptidão contra comprometimento sem necessariamente destacar vencedores.

Não foram poucas as vezes que me deparei com essa comparação na minha vida profissioal. Encontrei inúmeros Mazaropis e Taffareis durante a minha carreira e acabei aprendendo a admirar ambos. Acredito que é fundamental para quem trabalha com pessoas conhecer essa distinção. É fácil ficar frustrado com um Taffarel quando percebemos que ele não está se esforçando o quanto deveria. O talento em alguns casos acaba levando à acomodação, como tudo aquilo que vem fácil e não recebe o devido valor. Por outro lado, nunca deixamos de nos surpreender com os Mazaropis, o que acaba levando a armadilha de, em alguns caos, valorizar-se apenas o esforço em detrimento do resultado.

Em um dos posts anteriores discutimos composição de times, e o quanto é melhor ou pior um time formado apenas por estrelas. Na minha opinão, Taffareis e Mazaropis são, cada um a seu modo estrelas e peças fundamentais em qualquer time, sendo que o mais importante ainda é a busca constante pela superação do seu próprio limite, seja ele qual for.

Voltando ao jogo.

Depois de terminar o primeiro tempo ganhando de um a zero, perdemos de virada. Foi o golpe derradeiro à uma falsa paixão. Menos mal que sobrava a TI.

[]s

Jack DelaVega.

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