314 ANOS DEPOIS
Ontem, dia 10 de novembro completaram-se 314 anos que, no senado de Olinda/PE, o senhor Bernardo Vieira de Melo instou os seus pares a fazer de Pernambuco uma república que, independente do domínio português não seria mais obrigada a sustentar o luxo e se submeter à vontade do rei D. João V, alcunhado “O Magnânimo” que, quando informado da ação de lesa majestade, mandou prender o rebelde e deixa-lo apodrecer nos cárceres de Lisboa.
Desde o século XVII, quando em 1654 se concluiu a expulsão dos holandeses, vez por outra os ideais republicanos fizeram surgir movimentos contra a tirania exercida por mandantes indicados por governos alheios aos interesses dos Pernambucanos. A História registra várias revoltas:
- Em 1666 contra a autoridade de Jerônimo de Mendonça Furtado, nomeado por Portugal;
- Em 1710/11 (Revolta dos Mascates);
- Em 1801 (Conspiração dos Suassuna);
- Em 1817 (Revolução Pernambucana);
- Em 1824 (Confederação do Equador);
- Em 1848/50 (Revolução Praieira).
Há que se considerar que esse desejo de autodeterminação foi fruto da experiência dos que foram mandados para a Europa, principalmente para estudar na França cujos ideais revolucionários “Liberté, Égalité, Fraternité” alteraram a fisionomia do mundo e serviu de incentivo para que Pernambuco, que fora apelidado de Leão do Norte, se insurgisse contra os desmandos das autoridades de plantão.
Essa rebeldia culminou em prisões, degredo, arresto de bens, confisco de propriedades privadas, subtração de território da província como a região onde hoje está o município de Barreiras no Estado da Bahia e até execuções, como a de Frei Caneca.
Os Pernambucanos sempre foram expoentes na vida da nação e em muitas ocasiões demonstraram alto grau de erudição nas letras ou no serviço à nação como Joaquim Nabuco, o diplomata abolicionista.
Infelizmente hoje amargamos a desconstrução dessa nossa aptidão natural para a liderança nos movimentos de autodeterminação.
Sofremos os malefícios da falta do ensino formal, do despreparo acadêmico e na política a nefanda implantação das ideologias alheias às verdadeiramente nobres aspirações do povo que se notabilizou por ser altaneiro desejando oportunidades iguais e respeito para todos.
A História prova que as modificações nas sociedades são cíclicas geradas pelos modismos e incorporação de modus operandi alheios à cultura da base social, portanto resta-nos a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, haveremos de reconquistar a nossa proeminência no concerto nacional.
CITAÇÃO
Liberté, Égalité, Fraternité = Em francês, Liberdade, Igualdade, Fraternidade