VOCÊ É “NORMAL”?
“Os anos acumularam sobre este termo (‘anormal’) muitos juízos de valor,
e quaisquer outros sinônimos são preferíveis:
inadaptado, desajustado, desviante, etc.”
(A. Reber)
- Oh! não me leve a mal, mas eu não gosto de você.
- Permita-me saber o motivo por que a mim repulsas?
- Simplesmente porque você não é ... normal.
- E o que é “ser normal” para você? O que você entende por este termo: "normal"?
- Ser normal (para mim)? Ora, pois! É quando alguém “é” como eu (em tudo).
- Ah! Tens então um critério (pessoal) para julgar e “bater o martelo” quanto a tudo em sua vida, não é? No que te baseias e, portanto, formulas qualquer coisa tendo você mesmo como "centro e referência"!? E acaso pensas ser correto este seu modo de ver o mundo e a vida?
- Eis como eu penso e assim sou: se alguém não for como eu concluo que ele não seja “normal”, e a partir disto eu o discrimino e abomino.
- Então, em sua ótica as pessoas “normais” são somente aquelas que se assemelham contigo, e que deste modo sejam em tudo [como] uma cópia sua: em seu modo de pensar, em sua maneira de agir, de se portar, a ter também sua identidade sexual, e até mesmo se assemelhar em sua condição socioeconômica. Ou seja: aquelas que “participam” de “sua categoria" e de sua "raça". As outras pessoas não prestam já que não são como você, ou já que não se "configuram" contigo.
- Não só que sejam como eu, mas que sejam “normativas”, isto é, que vivem conforme à “norma” da sociedade. Caso queiram ser “diferentes” é porque não seguem as “normas”. Darei alguns exemplos para qu’então venhas a me entender melhor: se você não professa a “religião” que o meu seleto grupo cultua, concluo que você só pode ser “anormal”, levando-se em conta que só a religião que eu sigo é verdadeira. Os outros são “anormais” porque são “hereges”. E o mesmo vale para a política: se você não apoia a "minha ideologia" e o "meu partido" junto com os seus "princípios", é dado ao fato que sua linha de pensamento é errada, ou mesmo perniciosa, considerando que só eu sou certo, é claro!
- Meu prezado, você não acha que está sendo um tanto preconceituoso? Desde que mundo é mundo, temos pensamentos que nem sempre são iguais. A verdade se esconde de todos (ainda que ninguém perceba) e todos estão à sua procura. Mas a “sua verdade” pode não ser “a verdade”. E, no que te firmas em nela crer, faz-te de ti mesmo (embora de forma inconsciente) um “fundamentalista”. E só por que eu não concordo, às vezes contigo, me rotularás, então, por “anormal”?
- É o que eu penso de ti e de todos os que são iguais a ti. Sou “normal” visto que eu sigo as “normas” de meu credo e do clã que eu participo, e tenho muito orgulho de ser assim. Quem segue sua próprias ideias (principalmente quando se diferem das “nossas”) não pode ser “normal”, é como eu penso.
- Ah! "Como você pensa"!? E por acaso você realmente “pensa”? Seus pensamentos não são seus, meu caro, são "pensamentos de grupo”, ao que não são “seus”. Você é apenas um cachorrinho que te deixa colocar em teu pescoço uma coleira para que alguém te guie.
- Agora você está sendo ofensivo, não aceito suas palavras. Eu faço parte de uma sociedade que prega o que é melhor para a vida de todos, no que eu vivo em conformidade com ela, já que ela é a “melhor”.
- Acorda meu caro. Você não é livre. Você é apenas uma pessoa “normatizada” e refém de uma sociedade doente que, infelizmente, você a considera sã.
- Acaso você está me chamando de louco?
- É claro que não. Eu apenas estou dizendo que você é alguém “adaptado” e que se conformou em ser assim. E, acredite em mim: você mente muito para si mesmo. É impossível ser feliz num mundo que quer que sejamos suas marionetes, para, em troca, sermos rotulados como “normais”.
- Mas, a cultura é esta: a que dita "normas" de como devemos ser.
- As culturas mudam, meu prezado. Algumas coisas que ontem eram consideradas “anormais” hoje já não são. As crenças mudam o tempo todo, e com elas muda também o comportamento (d’uma forma geral e, até o pensamento coletivo). Mas, por favor, não me entenda mal: não estou pedindo para que sejas ilegal ou libertino, ou mesmo um insolente. O que eu quero, e para o teu próprio bem te digo, é que você seja apenas você mesmo. E seja feliz. Não seja como a cega maioria (que segue normas) e acredita que, por fazer parte da “manada humana”, é considerada "normal". Então, diga-me, por favor: o que é uma pessoa “normal” para você, depois de toda esta nossa prosa agora?
- Uma pessoa normal? É aquela que anda dentro das “normas”, ou, mais precisamente, alguém que se parece ... comigo.
- Ah! definitivamente creio ser impossível te convencer de seus erros e, sobretudo, de sua burrice. Guardas dentro de ti um erro que é uma adorada verdade sua. Na verdade, você não passa de um miserável preconceituoso. Passar bem, meu caro! Permita-me ir embora, tenho medo que sua "normalidade" me contagie.
10 de novembro de 2024
IMAGENS: INTERNET
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
VOCÊ É “NORMAL”?
“Os anos acumularam sobre este termo (‘anormal’) muitos juízos de valor,
e quaisquer outros sinônimos são preferíveis:
inadaptado, desajustado, desviante, etc.”
(A. Reber)
- Oh! não me leve a mal, mas eu não gosto de você.
- Permita-me saber o motivo por que a mim repulsas?
- Simplesmente porque você não é ... normal.
- E o que é “ser normal” para você? O que você entende por este termo: "normal"?
- Ser normal (para mim)? Ora, pois! É quando alguém “é” como eu (em tudo).
- Ah! Tens então um critério (pessoal) para julgar e “bater o martelo” quanto a tudo em sua vida, não é? No que te baseias e, portanto, formulas qualquer coisa tendo você mesmo como "centro e referência"!? E acaso pensas ser correto este seu modo de ver o mundo e a vida?
- Eis como eu penso e assim sou: se alguém não for como eu concluo que ele não seja “normal”, e a partir disto eu o discrimino e abomino.
- Então, em sua ótica as pessoas “normais” são somente aquelas que se assemelham contigo, e que deste modo sejam em tudo [como] uma cópia sua: em seu modo de pensar, em sua maneira de agir, de se portar, a ter também sua identidade sexual, e até mesmo se assemelhar em sua condição socioeconômica. Ou seja: aquelas que “participam” de “sua categoria" e de sua "raça". As outras pessoas não prestam já que não são como você, ou já que não se "configuram" contigo.
- Não só que sejam como eu, mas que sejam “normativas”, isto é, que vivem conforme à “norma” da sociedade. Caso queiram ser “diferentes” é porque não seguem as “normas”. Darei alguns exemplos para qu’então venhas a me entender melhor: se você não professa a “religião” que o meu seleto grupo cultua, concluo que você só pode ser “anormal”, levando-se em conta que só a religião que eu sigo é verdadeira. Os outros são “anormais” porque são “hereges”. E o mesmo vale para a política: se você não apoia a "minha ideologia" e o "meu partido" junto com os seus "princípios", é dado ao fato que sua linha de pensamento é errada, ou mesmo perniciosa, considerando que só eu sou certo, é claro!
- Meu prezado, você não acha que está sendo um tanto preconceituoso? Desde que mundo é mundo, temos pensamentos que nem sempre são iguais. A verdade se esconde de todos (ainda que ninguém perceba) e todos estão à sua procura. Mas a “sua verdade” pode não ser “a verdade”. E, no que te firmas em nela crer, faz-te de ti mesmo (embora de forma inconsciente) um “fundamentalista”. E só por que eu não concordo, às vezes contigo, me rotularás, então, por “anormal”?
- É o que eu penso de ti e de todos os que são iguais a ti. Sou “normal” visto que eu sigo as “normas” de meu credo e do clã que eu participo, e tenho muito orgulho de ser assim. Quem segue sua próprias ideias (principalmente quando se diferem das “nossas”) não pode ser “normal”, é como eu penso.
- Ah! "Como você pensa"!? E por acaso você realmente “pensa”? Seus pensamentos não são seus, meu caro, são "pensamentos de grupo”, ao que não são “seus”. Você é apenas um cachorrinho que te deixa colocar em teu pescoço uma coleira para que alguém te guie.
- Agora você está sendo ofensivo, não aceito suas palavras. Eu faço parte de uma sociedade que prega o que é melhor para a vida de todos, no que eu vivo em conformidade com ela, já que ela é a “melhor”.
- Acorda meu caro. Você não é livre. Você é apenas uma pessoa “normatizada” e refém de uma sociedade doente que, infelizmente, você a considera sã.
- Acaso você está me chamando de louco?
- É claro que não. Eu apenas estou dizendo que você é alguém “adaptado” e que se conformou em ser assim. E, acredite em mim: você mente muito para si mesmo. É impossível ser feliz num mundo que quer que sejamos suas marionetes, para, em troca, sermos rotulados como “normais”.
- Mas, a cultura é esta: a que dita "normas" de como devemos ser.
- As culturas mudam, meu prezado. Algumas coisas que ontem eram consideradas “anormais” hoje já não são. As crenças mudam o tempo todo, e com elas muda também o comportamento (d’uma forma geral e, até o pensamento coletivo). Mas, por favor, não me entenda mal: não estou pedindo para que sejas ilegal ou libertino, ou mesmo um insolente. O que eu quero, e para o teu próprio bem te digo, é que você seja apenas você mesmo. E seja feliz. Não seja como a cega maioria (que segue normas) e acredita que, por fazer parte da “manada humana”, é considerada "normal". Então, diga-me, por favor: o que é uma pessoa “normal” para você, depois de toda esta nossa prosa agora?
- Uma pessoa normal? É aquela que anda dentro das “normas”, ou, mais precisamente, alguém que se parece ... comigo.
- Ah! definitivamente creio ser impossível te convencer de seus erros e, sobretudo, de sua burrice. Guardas dentro de ti um erro que é uma adorada verdade sua. Na verdade, você não passa de um miserável preconceituoso. Passar bem, meu caro! Permita-me ir embora, tenho medo que sua "normalidade" me contagie.
10 de novembro de 2024