SONHAR É BOM
É bela e atraente a virtude do escrever bem, do descrever as planícies e suas nuances com a mente dos mestres, de dissertar sobre os jardins, enumerar suas rosas e múltiplos fragrâncias díspares, pintar toda a beleza das cores, a diversidade das pétalas, o aroma hipnotizante do ambiente. Quem compõe seus textos com esse e outros tantos toques magistrais de magia encanta o intelecto dos leitores, pondo-o em êxtase, acelera corações amofinados, leva alma para sonhos fantásticos.
Ah se eu fora tão caprichoso na ternura das melhores palavras e frases escolhidas e configuradas quanto o são as preciosas mãos tecedoras das mais belas obras! Falta-me e talento, reconheço. Todavia, bem quisera eu rabiscar meus simples devaneios dançando sobre a imaginação, bailando até, abraçando árvores, osculando profundamente as rosas, sorrindo para os beija-flores, acenando eventualmente na direção dos que são recíprocos aos sorrisos oriundos dos meus lábios. Não, as estrelas não estão ao meu alcance.
Destarte, se desse modo especial nunca consigo ser, se o que idealizo em termos literários chega mesmo ao limiar do risível, contentar-me-ei apenas em ser atencioso e ávido leitor dos escritores geniais, tentarei absorver deles o máximo do mínimo que a minha capacidade puder, por-me-ei na insignificância de onde nunca deveria ter saído.
Peço unicamente o doce direito de sonhar um dia, talvez, ao menos, se tanto, pisar nas mesmas marcas deixadas por eles ao longo do caminho por onde passaram, de forma a sentir a aura deixada nos seus passos para os que ficam atrás na jornada.