AH, O NOSSO DER/MG - QUE PENA! (II)

Em 2019, escrevi um texto expressando minha tristeza pelo fato de o Departamento de Estradas de Rodagem não ser mais o mesmo e ter passado por um grande sucateamento nos últimos governos de nossa Minas Gerais.

Ontem, dia 06 de novembro de 2024, retornando de uma consulta médica na Clínica COOPEDER, fiquei parado no ponto de ônibus, na Avenida dos Andradas, bem em frente ao suntuoso prédio de dez andares do DER/MG.

Admirando o edifício, correndo meus olhos, andar por andar, com as janelas fechadas, em completo abandono, mais uma vez quase fui às lágrimas. Fiquei imaginando tanta coisa...Começando pelo décimo andar, onde fica o auditório, lembrei-me de muitas solenidades que foram ali realizadas. Assembleias ordinárias e extraordinárias de nossa Cooperativa; debates entre candidatos ao governo de Minas¸ com a participação de servidores do Departamento; recepção do ex-governador Tancredo Neves que, para alegria dos trabalhadores do Órgão, assinou, em 1985, um documento concedendo um reajuste de trinta por cento para os servidores do Departamento, não tendo sido a decisão cumprida pelo secretário de Fazenda do Governador Hélio Garcia que se tornou governador, na época. Tancredo Neves, que assumiria o cargo de Presidente da República, deixou Minas Gerais, nem tomou conhecimento se sua decisão assinada, com pompa, fora cumprida ou não. Várias outras solenidades foram, conforme disse, realizadas no auditório. Destaca-se, por oportuno, a posse do diretor geral, o saudoso engenheiro Carlos Alberto Salgado, falecido recentemente.

Mas vamos lá, movimentando ainda meus olhos a partir do décimo andar, fui identificando as diretorias com suas respectivas localizações. Do quarto andar lembrei-me com saudade, quando tive a oportunidade de trabalhar, temporiamente, nos gabinetes do Diretor Geral e do Vice-Diretor Geral, Dr. Carlos Alberto Salgado e Otto Lopes de Figueiredo, respectivamente, exercendo meu trabalho como Assessor, redigindo, com cuidado, correspondências diversas. Claro que fui observando, andar por andar, e me lembrando de tantos colegas, amigos e amigas, que deram a vida pelo Departamento. Temos visto, com tristeza, o falecimento de tantos. Pela falta de sensibilidade dos últimos governantes, não tiveram reconhecido seu valoroso trabalho. No governo do senhor Zema, que se iniciou em 2019, foram concedidos apenas dois reajustes aos servidores: um de 10%, e outro de 4,5%. Verifique-se que já estamos no sexto ano de sua administração. Não faltam esforços de nosso sindicado para reverter esse quadro. Mas, infelizmente, não há compreensão do atual governador. Por cada andar que meus olhos movimentavam, reitero, lembrava-me das diretorias e dos servidores. Finalmente, meus olhos se firmaram na portaria do prédio. Nem uma vivalma... Que tristeza! Pensei. Acabaram com nosso Departamento... criado em 04 de maio de 1946, como pessoa jurídica e autonomias financeira e administrativa, passou a responsabilizar-se pelo gerenciamento da parcela do Fundo Rodoviário Nacional que cabia ao estado de Minas Gerais. Seu primeiro diretor geral foi o engenheiro Randolfo Trindade, começando, assim, a contribuição dos primeiros desbravadores do Órgão para alterar a realidade do rodoviarismo mineiro.

Continuando meu relato, lembro-me de que alguns governadores tentaram levar o DER-MG para a Cidade Administrativa, bem distante do centro da cidade. Com o esforço de nosso sindicato, o SINTDER, e o movimento organizado de todos os servidores, trabalhadores da Sede, não se efetivou a transferência. No entanto, apesar do esforço enorme dos servidores e do sindicato, recentemente, o senhor Romeu Zema, sem um pingo de solidariedade, não se preocupando com a dificuldade dos servidores para chegarem à distante Cidade Administrativa, penalizando-os, determinou o fechamento do prédio, levando os trabalhadores para longe do centro de Belo Horizonte. A sede do órgão, moderna e funcional, construída com todo carinho pelo Engenheiro Geraldo Pereira da Silva, na época, diretor geral, no ano de 1974, está agora sem nenhuma função. Até quando? Não se sabe quem ocupará o majestoso prédio. Recordo-me de que a Assessoria de Relações Públicas do Órgão distribuiu um belíssimo chaveiro metálico, comemorativo, com a imagem imponente de sua sede, no dia de sua inauguração. Uma grande festa... O DER sempre foi um gigante em Minas Gerais, destacando-se por sua eficiência, com trabalhadores dedicados, construindo e conservando as estradas de rodagem de nosso conceituado estado. Acrescento que, infelizmente, aschefias das unidades, faz tempo, eram sempre preenchidas por servidores de carreira do órgão. Atualmente, vários cargos são ocupados por pessoas que nem conhecem as funções do Departamento. É muito triste ter que dizer isso... Sim, indicadas por políticos para cargos de um órgão de tamanha envergadura.

Outra coisa da qual me lembrei naquele instante, ainda parado em frente ao prédio, me emocionou. A Cooperativa de Consumo dos Servidores do DER-MG, que ocupava grande parte de um quarteirão na avenida dos Andradas, teve quase que totalmente seu prédio vendido, a fim de que não se efetivasse sua falência, já que o novo governo, que se instalara em 2019, rompera o convênio assinado há mais de cinquenta anos entre o Estado e a Autarquia, que repassava à Cooperativa uma verba para custeio das despesas médicas com os associados, trabalhadores aposentados e ativos. Com o atendimento pela COOPEDER, além de muito eficiente, desafogava e continua desafogando parte de serviços médicos oferecidos pelo IPSEMG. Não se tratava de privilégio para com os rodoviários.

A Faculdade de Ciências Médicas comprou o imóvel. Desmanchou-o imediatamente. O dinheiro pago pela venda serviu para que a administração da COOPEDER resgatasse um enorme valor de dívidas acumuladas, mantendo apenas, na Avenida dos Andradas 1199, uma lanchonete, farmácia e serviços médicos. Claro que, os serviços oferecidos se estendem aos associados das unidades do DER-MG, no interior.

Prosseguindo... Quando as máquinas desmanchavam o prédio, certamente, em nossas mentes, batia aquela tristeza... de lembrar do quanto a Cooperativa, naquela época, era tão grande, contando com um supermercado amplo, cheio de produtos de qualidade comprovada e com preços justos e competitivos. Afirmo que, apesar das dificuldades, felizmente, os serviços de primeira qualidade permanecem e são oferecidos aos associados e seus dependentes. Foram impostos aos associados alguns sacrifícios para que pudesse continuar erguida. Hoje, podem se associar à Clínica COOPEDER os servidores do DER/MG, as beneficiárias da DERMINAS, os funcionários da Cooperativa, os funcionários da DERMINAS, CREDER, ASSENDER, SINTDER, AMDER e os servidores do Estado que estejam à disposição do DER/MG. Com uma administração responsável e eficiente, nossa Cooperativa se encontra em uma posição de destaque no cenário nacional.

Não vou estender mais o texto. Está muito longo. Sei que muita coisa poderia aqui ser contada. No entanto, não desobedeci ao que meu coração determinava: extravasar meus sentimentos e dividi-los com os costumeiros e pacientes leitores de minhas histórias.

Grande abraço.

Aposentado do DER-MG

LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA
Enviado por LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA em 08/11/2024
Reeditado em 15/11/2024
Código do texto: T8192191
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