Absorto
Às vezes, me pego absorto, mergulhado em pensamentos que surgem sem aviso. É como se o mundo à minha volta fosse dissolvendo, e eu me perdesse em um universo paralelo, onde o tempo corre em seu próprio ritmo. Uma música que toca ao longe, um trecho de conversa que escuto na rua, ou até mesmo o som do vento passando pela janela. Não precisa de muito. E, de repente, lá estou eu, viajando.
É nesses momentos de distração que as ideias vêm à tona, soltas, inesperadas. É curioso pensar como, ao permitir que a mente vague, acabamos encontrando respostas para coisas que nem sabíamos que estávamos buscando. Pode ser algo simples, como lembrar de uma palavra que faltava, ou algo mais profundo, como um sentimento que achávamos ter deixado de lado.
Mas o mundo não espera. Enquanto estou ali, absorto, a vida continua. Pessoas passam, compromissos se acumulam, e o tempo, esse tirano implacável, segue seu curso. Tem algo quase poético em estar perdido, mesmo que só por alguns minutos, em um lugar onde nada é concreto, onde os problemas parecem suspensos. E, no entanto, sabemos que é passageiro.
Sempre me pergunto se outras pessoas também têm esses momentos de se perder em si mesmas, de desaparecer da realidade, ainda que por pouco tempo. Aquele instante em que as vozes ao redor viram um zumbido distante e o mundo se torna algo mais silencioso, quase íntimo. Talvez seja uma forma de fuga, ou, quem sabe, uma maneira de dar sentido