VIVA O ACASO!
O acaso existe, com seu bojo, rédea e rigor. A sua ginga é matreira, faz o que bem entende de mim e quando bem quiser. É mandatário nos meus ritos, bagunça todo chão e faz estragos sem dó. O acaso está nos detalhes, nas rebarbas, nos arremates. Existe só pra mostrar o quanto sou incapaz e até indigno de cumprir roteiros previamente sacramentados. É criatura viva, com alma própria e reina ileso no seu quadrado. O acaso tempera o meu entendimento e me deixa menos tolo, menos incapaz, menos fútil. Ao acaso reverencio as minhas vitórias e voltas por cima. Todas elas. Que nunca deixe de me untar com seus caprichos, iguarias e deliciosos afagos.