Vou sumir mesmo

Não me arrependo em nada e nem um pouco do que estou prestes a fazer, confirmo tudo o que disse na crônica anterior, que a vastidão do mundo me aguarde

Sairei de fininho, com escuro ainda, antes do sol raiar, já pus óleo na fechadura para seu rangido não acordar ninguém, não quero ser visto saindo, odeio despedidas, choros e lamentações, e, afinal de contas, um dia regressarei, é só uma volta ao mundo, nada mais.

A precata velha já está pronta, reforcei a correia com um preguinho enferrujado, não solta mais, o pneu da bicicleta, apesar de careca, está bem cheio.

Preciso ir, se não for, sentirei-me um passarinho engaiolado, uma fera na jaula, um peixe fora d'água, meu instinto me instiga a ganhar território e, para isso, preciso ganhar o mundo.

Espero que amanhã o tempo esteja perfeito, mas se não estiver, vou assim mesmo, deixando que a chuva lave todas as lágrimas dos que ficarem para trás.

Não tem mais volta, já está decidido, quando retornar conto tudo a vocês "tim tim" por tim tim" como foi a viagem, até mais.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 06/11/2024
Reeditado em 06/11/2024
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