A QUASE MORTE DA MINHA UTOPIA
JOEL MARINHO
Solitário e deslocado é como eu me sinto nesse mundo furioso da política e do dinheiro onde a sede pelo poder cheira a sangue, a podridão e inunda o submundo dos pensamentos mais sórdidos e mesquinhos do ser humano. A “lâmina e a bala” adentram o pensamento do ser humano e embrutece a alma suja dos homens de “bens” com poderes políticos e religiosos, já não consigo me encontrar em meio a esse esterco que exala um odor insuportável de morte.
A glória não se mede pelo que o ser humano é capaz de fazer quanto profissional inventor, quanto mulheres e homens de ideias transformadoras, tudo se quer na rapidez de um clique e com a violência de um tigre que busca imobilizar sua presa para degustar a carne fresca ainda escorrendo sangue.
O homem, o homem!
Esse ser que atingiu um nível de pensamento crítico e lógico se sobressaindo a todos os outros animais, porém não deixou suas práticas de feras perigosas, ao contrário, aguçou foi ainda mais essa sua capacidade de atrair e trair suas presas, pois passou a usar de discursos belos e sorrisos falsos como a naja que dança antes de dar o bote certeiro em sua vítima.
Por dinheiro e poder os homens brigam, fazem guerras, matam, destroem o meio ambiente, furtam, aterrorizam, torturam em nome de seus deuses e seus egos inflados por essa loucura inexplicável, a vontade terrível de dominar, seja o outro, seja a natureza, sejam os animais, fazem tudo isso como se fossem imortais sem esboçar qualquer sensação de arrependimento ou compaixão.
Por vezes penso que somos um experimento da natureza que não deu certo, logo vejo se aproximar um fim catastrófico da humanidade, somos um vírus destruindo um corpo (a terra) sem nenhum freio, um carro desgovernado prestes a encontrar o primeiro abismo e despencar ladeira abaixo despedaçando-se todo, sobrando apenas pequenos fragmentos sem mais nenhuma utilidade, se é que já fomos úteis um dia ao planeta.
Que me perdoem a falta de esperança, a sensação de solidão diante a tudo isso, pois mesmo sendo pertencente a raça humana não consigo conceber pensamentos tão sórdidos ao ponto de ser capaz de utilizar qualquer meio para chegar ao poder, aliás, o poder é algo que me assusta e causa ânsia, eu quero é viver em paz. Mas talvez isso seja um exercício inalcançável que a minha utopia tenta acreditar, mesmo que a minha esperança já comece a dar sinais nítidos de cansaço igual a um corpo a beira da falência múltiplas de órgãos.
Não sei se devo acreditar, mas ainda tento manter a esperança em dias melhores, talvez sim, ou...não!
Humanos, nós humanos que deveríamos ser manos, todavia, somos tão desumanos!