Falando abobrinha
Há pessoas que falam bonito e são compreendidos. Há gente que pensa que fala bonito, mas usa palavras nos lugares errados.
Quando ouvires muitas palavras terminadas em “mente”, te ligues, essa pessoa quer impressionar e não consegue. O ruim é que as palavras que ele pensa que são bonitas, para o bom falante, são corriqueiras. Sendo bem usadas elas não ferem os ouvidos. Mal aplicadas são como zunidos de mosquitos em nossos ouvidos. Bem aplicadas são violinos afinados tocando uma linda valsa. O contrário é barulho emitido pela unha da professora no quadro negro.
O ser humano que capricha no seu discurso sem convencer o ouvinte é um pobre coitado, e com o perdão da má palavra é um ignorante. Se o energúmeno trabalha numa fábrica de torres metálicas e alguém lhe diz que sua firma não tem “estrutura” para suportar a queda do dólar, ele pega a pessoa pelo braço e mostra a quantidade de “estruturas” em estoque.
Se é eletricista e alguém fala que o “choque” de culturas foi o responsável pelas brigas entre alguns povos, ele responde que o “choque” elétrico mata, mas não provoca brigas. E assim por diante.
Existem algumas palavras que ele acha que são “o máximo” para aplicá-las corriqueiramente e faz uso delas diariamente: agregar, deduzir, sequencial, simultaneamente, rigorosamente, contabilizar e por incrível que pareça “facilíssimo”. Isso nos leva a crer que para ele, expor suas ideias é “dificilíssimo”.
Enfim, ele poderia ser menos complicado que a tabela periódica.
Aroldo Arão de Medeiros
01/07/2001