LIGAÇÕES TELEFÔNICAS

Tenho recebido pouquíssimas ligações telefônicas. Com exceção da minha irmã, que às vezes me liga quando não consegue me localizar no whatsapp, o resto é spam ou engano.

Já teve um cara da área 47 (Santa Catarina) que me ligou e quando eu não atendi, mandou um áudio desesperado, pedindo que eu levasse um maço de cigarros. Estava no modo não perturbe quando o desesperado pediu os cigarros, mas tratei de esclarecer que desconhecia o remetente.

Já recebi mensagens informando sobre um serviço que não solicitei ou que não me dispus a cumprir. De áreas de DDD muito distantes da região onde habito atualmente. E isso que comprei o chip da Claro numa loja autorizada. Quando minha ex namorada comprou para mim um chip em um camelô, eu recebia as mais inusitadas ligações e mensagens, entre as quais me chamando de "irmã" e que a pessoa estaria em determinado ponto para me dar carona para o culto.

Graças a Deus já não tenho mais esse chip e esse número, mas as ligações inusitadas e mensagens do mesmo porte continuam.

O que nos leva a pergunta: quantos números iguais ao nosso há nesse vasto território brasileiro?

Saudades do tempo em que não havia tantos números cruzados e quando a gente recebia uma ligação, era da namorada ou de algum conhecido ou amigo.

Antes de conhecer minha primeira namorada, nós já namorávamos por telefone, quando ela ligava do seu local de trabalho para o meu. Como era bom aquele coração disparado e aquele friozinho na barriga!

E olha que minha ligação com o telefone não é das mais amistosas: quando trabalhei no Departamento de Pessoal, tive pontos descontados no meu estágio probatório, por que eu não gostava de atender telefone. Ainda que atendesse as ligações com a polidez de um mordomo inglês.

Hoje as ligações telefônicas praticamente inexistem. Tudo é resolvido no whatsapp, com uma mensagem de texto ou um áudio (suscinto, por favor, por que não temos tempo para encheção de linguiça). Tudo se resolve com um mínimo de conversa. Claro, em alguns grupos a conversa se estende mais, muitas vezes por assuntos aleatórios. Mas no geral a ordem é a economia de palavras.

Telefone fixo é uma raridade e em breve com certeza será extinguido. O celular está aí para facilitar a vida das pessoas, embora muitas vezes perca-se a graça do contato, da conversa. Orelhão virou peça de museu, se é que ainda existem.

Tudo isso é salutar: o que existe para facilitar a vida das pessoas é muito bem vindo, ainda que facilite também a aplicação dos mais inusitados golpes via internet.

Mas que de vez em quando possamos deixar o telefone de lado para conversar, ler um livro (de preferência em papel e não digital), assistir um bom filme (ainda que eu assista filmes no celular).

São coisas antigas, mas por que são saudáveis, jamais ficarão ultrapassadas.