Colagens

Colagens...

Faz parte do ciclo da nossa existência habitarmos e desabitarmos espaços. Por sorte, ou providência divina, alguns dispõem de casas. Outros nunca nem pisaram em uma, pois nasceram sob viadutos, ou em barracos, por exemplo. Mas tenho certeza de que cada pedaço desse “espaço sagrado das suas moradas” lhes foram um bem-vindo abrigo. O que estes espaços se tornarão depois, valorosos serão para quem deles fizer novo uso, pois novos ciclos estão sempre se criando. A verdade é que a nossa missão é, de fato, carregar o viver "sobre os ombros" durante a nossa existência. E nos cabe buscar meios de aliviar esse "Peso". Perceber que habitamos no que nos habita é um imenso exercício para o autoconhecimento. E se o que nos habita é um ínfimo lugar e o reconhecemos como tal - "minimalista" - nos tornamos gigantes num dos seus minúsculos jardins quando compreendemos que o que realmente conta é "nossa alma não ser pequena".

E nos chega a morte, a despedida, e a constatação de que a existência se torna supérflua sempre que desdenhamos do seu imenso potencial. E isso está para além do desencarnar, da passagem para "outro ângulo", “plano”, ou como quer que chamemos essa transição, antes de qualquer outro pensamento! Reflexões sobre a morte e o dia a ela dedicado são uma belíssima viagem nas constatações sobre a "minimez" humana (porque pequenez ainda é algo muito grande). E se soubéssemos como seria o mais apropriado modo de viver, quais seriam as nossas expectativas? Talvez seja melhor que continue nessa incógnita. É... talvez seja. Talvez o nosso pensar fosse mais globalizado.

Ou não!

Por que há um termo "subtraído" da mitologia grega e "agregado" por Freud à psicologia: o "narcisismo". Pois é esse nome (Bonitinho - mas não tanto quanto o próprio Narciso) que se dá, hoje em dia, aos individualistas de plantão. E a vida segue com os que se valem da "tua culpa, tua culpa, tua máxima culpa"! E não! Não há inocentes, não sejamos assim tão tolos.