TOMADA DE DECISÃO
Decidir algo, geralmente, é o resultado da análise das condições e das alternativas possíveis pois nem sempre escolher sim ou não leva ao resultado esperado.
Ainda sobre a maravilha tecnológica que é a Inteligência Artificial (IA), que as pessoas imaginam possuir as capacidades inerentes aos seres vivos, notadamente a de construir ideias e tomar decisões heterodoxas a partir de dados novos, eu tive a oportunidade de assistir numa dessas entrevistas que a frescura atual apelidou de “podcast” em que um cientista falava em exata consonância com o que penso sobre a ilusória e exacerbada capacidade que se atribui à IA.
Esse cientista foi convidado para assistir ao teste de prontidão de determinada marca de automóvel autônomo, aquele dispositivo que, em condições normais de “temperatura e pressão” executará as tarefas do motorista humano.
Claro que o exame foi feito dentro de laboratório, perfeitamente controlado e o veículo obedeceu aos comandos que, de modo aleatório, lhe eram mostrados.
Entre as imagens, haviam as de um elefante, uma velha atravessando a rua com o sinal fechado para ela e uma garotinha correndo atrás da bola e em todos os casos, o veículo parou bem antes que fossem atropelados.
Êxito total; efusivas congratulações; manifestações histéricas de júbilo dos elegebetistas presentes, mas havia o cientista brasileiro que, quando não é lobotomizado pelo esquerdismo, é brilhante em suas observações dentro de todos os parâmetros do rigor científico.
Por solicitação dele as mesmas imagens foram apresentadas de ponta cabeça (de cabeça para baixo, como se diz na minha terra) e o veículo atropelou as três, porque em sua memória não existiam as imagens invertidas ou de alguma forma alteradas, nem aquela que diz: pare diante de informação não registrada.
Fim de festa. Volta o projeto para a prancheta, porque até agora, o ser humano é indispensável na tomada de decisão diante do inusitado.
Evidente que a IA já está sendo e será ainda mais de grande utilidade na composição de textos.
Graças a ela as vítimas do método Paulo Freire (o educador de bosta) não usarão gírias em TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) nem começarão frases com pronome oblíquo como o “me ajude” que já virou Meme para zoar o apedeuta;
misturar os pronomes de 1ª, 2ª e 3ª pessoas;
usar verbo no plural para coletivo;
confundir a época da ação com uso das terminações “am” ou “ão” respectivamente de passado e futuro nos tempos verbais; assim como escrever “menas”;
“poblema, probrema, pobrema, plobema”;
“agente” no lugar de “a gente”;
“porque” em vez do “por que” quando formula pergunta;
usar e abusar do “vamos estar fazendo” e outras demonstrações de que, se alguém tentou ensinar, esses se recusaram a aprender as regras simples e básicas da língua Portuguesa, o mais belo e completo código de comunicação que existe.
Assim como o forno de micro-ondas não aposentou o fogão a lenha, o editor de texto do computador não eliminou o papel e lápis e a televisão não extinguiu o rádio, a IA será tão bem-vinda como todos os outros avanços tecnológicos, mas como eles haverá de achar seu nicho de utilidade e deixará de causar o frisson da atualidade quando outra novidade aparecer.