EIS O MEU GALARDÃO!!

Embora eu não seja exatamente uma pessoa religiosa, declaro que a inspiração para o título dessa crônica veio de diversas citações bíblicas em que a palavra “galardão” aparece: Apocalipse 22:12 (“E eis e que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir cada um segundo as suas obras”), João 1:8, Provérbios 2:14, Colossensses 3:23-24, Mateus 6:2, 6:16...

Mas, afinal, o que é “galardão”? É um sinônimo de “recompensa, prêmio, homenagem, glória...” A partir dessa ideia pus-me a pensar que a maioria de nós age à espera de diferentes tipos de “galardões”. Alguns queremos o céu, vários querem uma conta bancária polpuda, outros um título honorífico, muitos agem em busca de elogios, outros aspiram a virar nomes de ruas ou de escolas... Parece ser esse um tipo de atitude inerente aos seres humanos.

Fico pensando sobre como essa condição se aplica a mim e o faço a partir das minhas formas de agir como gente e como profissional... Por princípios e por índole, tenho buscado ser decente, honesta, responsável, solidária, generosa, embora ignore se esses adjetivos serão requisitos obrigatórios para a obtenção do “passaporte” para entrar no paraíso. Aliás, nem sei se ele existe mesmo ou se é apenas uma metáfora para ilustrar o bem-estar que se sente quando se consegue ser gente de verdade. Nessa vertente, também o “inferno” pode nada mais ser do que as condições miseráveis em que nos encontramos, quando estamos muito tristes.... Não sei.

A conta bancária polpuda eu aspiro a ter, mas pressinto que com os predicativos listados no parágrafo imediatamente acima, talvez eu não consiga nessa vida, pois não é, exatamente, fácil obtê-la sem renunciar à honestidade. De qualquer forma, eu adoraria poder viajar para conhecer esse mundão lindo, desfrutando, vestindo, comendo e bebendo do bom e do melhor.

O título honorífico eu já tenho: em 2022, por iniciativa do então deputado, Luiz Cândido Durão (a quem sou e serei eternamente agradecida), eu fui condecorada na Assembleia Legislativa do ES, com a maior honraria capixaba concedida a profissionais que se destacam por serviços prestados à educação: a Comenda Paulo Reglus Neves Freire (E dirão os invejosos: “ Grandes coisas!”)

Quanto aos elogios, eu os recebo frequentemente, menos dos invejosos. KKKK... Nome de rua ou nome de escola? Nem sonho com essas homenagens, principalmente, porque não vejo nenhuma vantagem em ter de morrer primeiro para receber esse tipo de homenagem.

Mas há cerca de um ano eu soube que o meu nome foi escolhido, por meio de votação entre os internos do CDRL (Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares) para nominar a biblioteca daquele presídio.

Quem propôs o meu nome? A concorrência era de “mim comigo mesma”? Houve campanha política em meu favor? Não sei a razão, mas algo me diz que tem a ver com o amor e o respeito que eu sempre dediquei aos alunos que passaram ou estão na minha vida. Sei que um deles, cujo nome omitirei por respeito, sobretudo, à sua família, está recolhido naquele local e pode ser que ele tenha sido o meu “cabo eleitoral”.

Que a indicação do meu nome eu deva a esse querido ex. aluno ou não, eu quero agradecer, do fundo do meu coração, por esse honroso “galardão”, porque ser homenageada por quem tem toda liberdade do mundo me parece muito menor do que sê-lo por quem está privado dela.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 03/11/2024
Reeditado em 04/11/2024
Código do texto: T8188612
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