OS FINADOS
Quando se completa o ciclo vital, nascer, crescer, reproduzir e morrer, a vida cessa e, conforme as palavras bíblicas, voltamos ao pó de onde viemos.
Esse destino apesar de inexorável é chocante para a maioria, até mesmo para aqueles que acreditam que nosso corpo nada mais é do que o envoltório do espírito, ou alma, que permaneceremos vivos apesar da decomposição da matéria.
Desde tempos imemoriais o ser humano cultua a memória dos antepassados, dando-lhes destaque no âmbito familiar ou dentro da coletividade e, por essa razão, muitas são as manifestações de reverência e apreço que se manifestam nos dizeres das lápides que, via de regra, expressam a “saudade imorredoura” que se eternizará nos que ficaram órfãos das suas virtudes.
Todos nós, temos os bons e os maus pedaços, somos ao mesmo tempo anjos e demônios, mas pelo milagre do falecimento, apenas as boas qualidades são registradas.
Em nenhuma das manifestações funerárias estará escrito;
“Aqui jaz o grande pusilânime, a pessoa mais vil e odiada de todos os tempos, que a terra lhe seja pesada e a justiça divina implacável”
Mas independentemente das manifestações de apreço e afirmações de que o finado jamais será esquecido, quase todos deixarão de existir até na memória familiar a partir da terceira geração.
Quantos de nós será capaz de nomear os oito bisavôs?
Salvo os indivíduos cujos nomes e feitos estão registrados nos anais da História, como salientou Camões, “E aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando” à totalidade de nós só restará o pó.
CITAÇÃO
Os lusíadas, canto I – Luis Vaz de Camões