"NÃO PROCURO IDADE, PROCURO QUALIDADE: Crônica de: Flávio Cavalcante
NÃO PROCURO IDADE, PROCURO QUALIDADE
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Vivemos numa sociedade que adora colocar números em tudo: quantos anos alguém tem, quantos troféus ganhou, quantas viagens fez. Mas há uma coisa que não se mede: a qualidade de uma pessoa. Esse tipo de qualidade, que só se sente, se percebe e se valoriza, vai muito além do que está no RG.
Há pessoas jovens que, mesmo na pouca idade, buscam em outras pessoas, a experiência de uma mente que já viveu muito. Não querem nada que se perca em uma troca de olhares rápida, mas sim alguém que, ao contar uma história ou rir de uma piada, demonstre uma bagagem bem vivida e uma visão mais madura. Para elas, estar ao lado de alguém que já viu o mundo de muitos ângulos é como encontrar um atalho para uma sabedoria que ainda não experimentaram, mas admiram bastante e é o que procuram para si.
Por outro lado, há quem já tenha caminhado anos a fio e ainda prefira a companhia de quem carrega aquela leveza que a juventude oferece. Não que essas pessoas mais velhas estejam atrás de uma fonte da juventude ou de uma fantasia passageira. Procuram a simplicidade de alguém que vê a vida com olhos abertos e a sinceridade de quem ainda acredita no que pode ser vivido. Querem alguém que traga novidade e frescor, que se arrisque e sorria com leveza, e que os inspire a fazer o mesmo.
São pessoas que, acima de qualquer idade, buscam o essencial: estar perto de quem vive a vida sem medo, sem fórmulas fixas e sem as rédeas da insegurança. Talvez o mundo precise, mais do que nunca, dessas combinações inesperadas. Porque é exatamente aí que a gente percebe que o verdadeiro elo entre pessoas não está em quantos anos viveram, mas na liberdade de viver cada dia do jeito que acreditam ser o melhor para si. E, no fim das contas, é isso que torna uma pessoa inesquecível – alguém cuja qualidade você sente, e que faz questão de viver a vida com coragem.
É por isso que esses encontros não se baseiam na contagem dos dias vividos, mas na intensidade com que cada momento é compartilhado. Quem busca qualidade não está atrás de datas de nascimento, está atrás de histórias que se cruzem e de almas que se completem. São relações onde as trocas são genuínas e descomplicadas: o mais novo traz a curiosidade, o mais velho oferece os conselhos e ambos aprendem, mutuamente, a beleza de ser quem são. No final, o que fica não é a idade de um ou de outro, mas a marca de uma convivência leve, onde cada sorriso e cada conversa tem o sabor único de uma experiência vivida por inteiro. Afinal, quem vive em busca de qualidade encontra, no outro, a liberdade de ser feliz, sem rótulos, sem medo, e com o coração aberto para que um ou o outro tenha a oferecer. Esta é a minha opinião.
Flávio Cavalcante