Chegadinho

hOJE, dia de finados, não me emociono muito porque lembro dos mortos do meu coração todos os dias. Detalhe: na parede do meu quarto tem o retrato de todos eles.

Assim, prefiro continuar com minhas arengas e contando causos verdades, acontecimentos que sai verdadeiros mas com um viés hilário. Estou também dando um tempo nas notícias da mídia.

Vamos só "causo" de hoje. Nos anos cinquenta e lá vai fumaça, minha irmá mais velha que era meio amputada, se apaixonou e começou a namorar com um rapaz da nossa cidade que era tudo como muito bonito mas era muito moreno, mulato mesmo. Naquela época havia discriminação contra os mulatos.

. Mesmo meu pai sendo comunista e, portanto, contra a discriminação, na nossa família havia pessoas que seguiam à risca esse tabu. Era o caso de uma tia de meu pai, Dona Linda, um solteirona que funcionava como bedel e vigia dos namoros da moçada. Bom, quando minha irmã e o rapaz resolveram noivar, ela levou o noivo à casa de Tia Linda para ser avaliado. Lá chegando, depois dos cumprimentos, a velha botou o picinez, aquele oclinho antigo, examinou bem o mulato e proferiu sua sentença: - Minha filha, o sujeito é bem chegadinho, mas tem boas feições e é educado. Case. Casaram. Durante muito tempo esse causo foi lembrado e o cara chamado de Chegadinho. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 02/11/2024
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