A CURA em Cada Abraço
Naquele apartamento que já conhecera dias de silêncio e solidão, a presença dos filhos e netos trazia agora uma vitalidade renovada. O lugar, que antes parecia imóvel no tempo, como um quadro de cores opacas, vibrava a cada visita, a cada abraço apertado, a cada história compartilhada. A chegada deles era como abrir janelas em dias nublados, deixando a luz e o calor do afeto se espalharem por todos os cantos.
Os netos corriam e traziam uma alegria descomplicada. A cada gargalhada e brincadeira, o ambiente ganhava vida, e as paredes, antes tão neutras, refletiam a energia contagiante da infância. Eram pequenas mãos e vozes que, sem saber, aliviavam o peso da solidão que um dia já fora rotina ali. Os filhos, com suas conversas maduras e abraços acolhedores, também completavam aquele cenário. Em cada gesto, havia um conforto, como um lembrete de que ela não estava sozinha.
E, com o passar dos dias, ela percebeu que algo havia mudado em si. Aquela tristeza que parecia constante, que antes necessitava de companhia química em comprimidos, começava a perder força. A presença dos filhos e netos era como um remédio natural, que preenchia sua alma de esperança e paz. Na companhia deles, o alívio vinha devagar, como um sorriso que se espalha sem pressa. E ela, agora, vivia cada encontro com o coração mais leve, sem necessidade das antigas doses que um dia lhe pareciam tão essenciais.
Naquela casa, cheia de vozes e risos, havia o melhor antídoto contra a solidão. E ela sabia, em cada abraço, em cada troca de olhar, que o amor deles era sua verdadeira cura, trazendo luz e cor para dias que antes pareciam todos iguais.
Natal,31/10/2024
Asy11hs:53min