A MÃE DE MUITOS PECADOS, A SOBERBA - Por Léa Bougleux

As análises feitas durante estas últimas semanas, levaram-me a entender que os Pecados Capitais estão tão interligados, um dá origem a outros e andam todos de mãos dadas. Depreciação, ofensa, orgulho, avareza, inveja são todos, farinha do mesmo saco.

Na minha caminhada convivi com pessoa que vestiam- se com capas de cetim para cobrir suas mentiras, hipocrisias e falta de caráter.

A moça do cabelo alaranjado, era aluna no mesmo curso que eu, em turmas diferentes. Apesar de sermos da mesma cidade nunca fomos muito ligadas pois ela se sentia muito superior e isto me causava desconforto, não só a mim, mas a turma toda. Sua altivez, orgulho e afetação, com seus vestidos de grife, desfilava sem olhar para as pessoas. Segura de si, esnobava. Costumava ouvir que ela engolira um cabo de vassoura.

Seu olhar era de desdém e causava insegurança em quem tinha que discorrer sobre algum tema a pedido do professor. No seu olhar de sabichona estava escrito: “coitada não sabe nada, eu sei”. Muitas vezes ela interrompia a fala de alguém dando seus palpites, por vezes nada coerentes. O orgulho, sua autoconfiança exagerada e a sua superioridade eram insuportáveis.

Tudo que se falava, ela retrucava com suas colocações causando desconforto. Lembro-me de uma colega chorar quando numa roda de alunos ela contava acalorada a viagem que fez a Guarapari. Estava encantada com o mar, as praias a cidade... quando a moça “orgulhosa” falou, (assim era conhecida) nossa, só agora você foi conhecer Guarapari? Eu já conheço há muito tempo, conheço praias do Nordeste, do sul do Brasil. A que eu mais amo é Cabo Frio, no litoral do Rio de Janeiro. Era muito viajada e aproveitava para humilhar os outros, sempre tirando uma casquinha, com menosprezo.

Tudo dela era melhor e se julgava uma sapiência. A roda de amigos desmanchou, todos ficaram envergonhados com sua atitude. Ninguém retrucou, nem eu. Ela era autoritária e acabava ofendendo a todos.

Eu já estava cansada de tanta arrogância. Atrevida ela se tornou, acabava por afastar as pessoas dela e o pior é que não estava nem aí.

Quase no termino do nosso curso, numa roda de debates, ela sem olhar para os lados levantou a questão, alguém desta sala andou ensinando o que o senhor, professor, havia nos ensinado. Alguém amarrou a carapuça e esperou, morrendo de raiva, esperou sua vez. Demorou, mas chegou. Já mais calma perguntou ao professor: “O que a gente aprende aqui é para ficar guardado ou é para ensinar a quem não teve oportunidade de aprender? Se for para ficar guardado eu me recuso a continuar.

O silencio foi geral. Ouvia-se uma mosca voando.

ESCRITORES E CIA
Enviado por ESCRITORES E CIA em 31/10/2024
Código do texto: T8186192
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.