DIA DAS BRUXAS

Em datas iguais a esta, os celtas distribuíam pães com frutas, geleias e doces com os vizinhos das aldeias para não sofrerem com os malefícios que as bruxas podiam fazer.

Afinal ninguém sabia quem, dentre eles eram bruxos, capazes de voar nas vassouras para se reunirem com os demônios nas clareiras das florestas.

Esse costume perdeu o apelo místico, virou tradição e foi incorporado ao folclore dos povos de língua anglo-germânica e com o passar do tempo, os doces são destinados principalmente para as crianças, tornando-se uma data comemorativa com grande participação e alegria.

Por aqui já houveram várias tentativas de incluir a festividade no nosso calendário, mas talvez pela proximidade com o dia dos santos Cosme e Damião, onde, principalmente entre os adeptos das religiões de raiz afro, há o costume de distribuir doces entre as crianças e também pelo combate acirrado das igrejas que se dizem cristãs ao associar a celebração aos cultos demoníacos, talvez a festa jamais seja incorporada apesar de toda sua beleza plástica.

Esse combate alienante e desnecessário às diversas comemorações que estão sendo feitos nos últimos tempos, no meu entender, tem a finalidade de desmontar a noção de identidade pátria.

Ninguém inventa um costume pelo simples fato de querer.

A língua, tradições, os costumes, o conhecimento empírico, rezas, remédios, alimentos e bebidas vão sendo aos poucos incorporados ao grupamento humano e moldando à sua maneira de ser, de agir e de interpretar o mundo.

Isso é a ideia de nação que deve ser preservada a fim de que não percamos a nossa identidade como povo independente e diferente dos demais.

A nossa etnia, que vem se formando inicialmente pelos povos originários, europeus e africanos, todos eles resultado da mistura de muitas outras etnias, e mais recentemente por levas de migrantes (tão mestiços quanto os anteriores) tem, obrigatoriamente, nuances de todos os costumes herdados, mesmo que jamais saibamos as suas origens.

Portanto é uma tremenda estupidez negar incorporação ou proibir as antigas tradições, principalmente porque, salvo o culto a personalidades geralmente deletérias, os que assim procedem não têm nada para preencher o vazio que advogam.