REALIDADE
Minha avó paterna faleceu com 74 anos.
Naquele triste dia, meu pai, que passara a noite com ela na cidade de Jaguapitã (casa de minha tia, onde a vovó residia) telefonou -me e disse: "Filha, a vovó foi embora".
Eu percebi a tristeza na voz do meu pai, senti a dor dele e descobri minha incapacidade naquela hora. Eu era mocinha e não sabia o que dizer naquele momento tão triste. Então, chorei e lamentei com algumas palavras para meu pai.
Desliguei o telefone, coloquei-o no gancho e pensei: "tadinho do pai! Que dó! Que dó da vovó!
Mas o que fazer? Ela estava tão velhinha! "
Hoje, prestes a completar os 70, vejo a diferença no pensamento da antiga mocinha e da senhora setentona. Sim, eu mesma! E me pergunto: Como assim? Como assim, setenta? Como assim, Dona Dalva?
Pois é, não me sinto "velhinha", não percebi essa carrada de anos passarem e não me sinto em condições de "ir embora" tão cedo!
Perdoe a minha ignorância da juventude, vovó! Os jovens não sabem o que pensam, tampouco o que dizem!
Eu continuo sem saber o que dizer em horas tristes, mas hoje sei que sete décadas passam como um tirico de espingarda. É pouco tempo para encarar a tristeza.
Perdoe, pai, perdoe aquela falta de jeito!
Dalva Molina Mansano
31.10.24