"O FUTURO DA COMIDA. (UMA REVOLUÇÃO SEM ABATE)" Crônica de: Flávio Cavalcante

O FUTURO DA COMIDA

(Uma revolução sem abate)

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Enquanto muitos de nós ainda nos encantamos com um prato bem servido de carne grelhada, mal sabemos que, nos bastidores da indústria alimentícia, um movimento silencioso está acontecendo. Preocupada com o futuro da humanidade e as incertezas globais, incluindo a ameaça de uma possível guerra mundial e a crescente escassez de recursos, a indústria alimentícia está se reinventando. E, dessa vez, o futuro da comida promete ser algo que jamais imaginaríamos: carne sem abate, criada em laboratórios.

Sim, parece coisa de ficção científica, mas já é realidade. O que antes era tratado como uma alternativa para os vegetarianos e veganos — a busca por proteínas de origem não animal — agora virou uma estratégia de sobrevivência. Empresas estão investindo pesado em pesquisas para criar carne, leite e ovos artificiais, tudo sem tocar em um único animal. O motivo? Uma combinação de fatores, desde o impacto ambiental causado pelo abate em massa de animais até a previsão de que o sistema atual de produção de alimentos pode não suportar um colapso global.

Imagine o cenário do comércio internacional sendo interrompido, onde as rotas de transporte de grãos e alimentos essenciais deixando de existir devido a conflitos geopolíticos. Com menos terras aráveis disponíveis e uma população crescente, a produção de alimentos tradicionais certamente vai torna-se insustentável. É aí que entra a biotecnologia: a carne cultivada em laboratório, as proteínas sintetizadas e até os vegetais geneticamente modificados para crescer em ambientes inóspitos.

A ideia é clara: substituir o abate de animais por processos de cultura celular, onde pedaços de carne são “cultivados” a partir de células animais em tanques controlados, sem o sofrimento e os impactos ambientais que conhecemos hoje. Além disso, não apenas carnes, mas leite, ovos e até mesmo os derivados mais complexos estão sendo recriados dessa forma.

É um cenário distópico? Depende do ponto de vista. Se pensarmos no impacto que isso pode ter sobre o meio ambiente e sobre a maneira como lidamos com os recursos do planeta, pode ser a nossa melhor chance de evitar uma catástrofe. Por outro lado, há o questionamento filosófico: será que estamos prontos para abrir mão do contato com a natureza e com a vida animal em nome da sobrevivência?

Para alguns, isso soa como o prenúncio de um futuro sombrio, onde os humanos se distanciam cada vez mais daquilo que os conectava à terra e aos animais. Para outros, é uma evolução inevitável, a próxima fase da nossa existência em um planeta em crise. A única certeza que temos é que a indústria alimentícia, seja por necessidade ou inovação, está se programando para esse novo mundo, onde o abate de animais se torna obsoleto e a comida vem diretamente de um laboratório.

Talvez, em algumas décadas, quando olharmos para trás, veremos nossos churrascos e fazendas de gado como algo pertencente a um passado longínquo, substituídos por fábricas de carne artificial. O que parece um cenário futurista está cada vez mais perto de se tornar a realidade com a qual teremos que lidar.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 31/10/2024
Código do texto: T8186039
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