Flores no cemitério são bonitas, mas não cheirosas

Poetas gostam de enaltecer as flores. Prova disso está no enorme número de músicas em que são lembradas. Mas quem marca posição são os pseudos poetas ao ponto de exagerar no quesito aromas. Aromas e não ‘cheiros’, segundo um velho professor de Português que insistia na teoria que ‘cheiro’ é de chulé, de esgoto. E coloquei ‘cheirosas’ no título! Enfim...

Entretanto se (os pseudos) forem questionados se sabem o nome e cor de pelo menos cinco, vão enrolar, como é de praxe, e as respostas irão gerar divertidas crônicas.

Ao serem indagados se veem com bons olhos as flores no campo santo (não confundir com ‘Olhai os Lírios do Campo’ romance de Érico veríssimo) 90% farão cara de nojo e/ou desprezo; 3% fingirão que não entenderam o ‘campo santo’; 2% se isentarão de responder e 5% dirão que se o túmulo está florido, é porque a pessoa ali sepultada adorava flores. Esses são os verdadeiros poetas.

Abro aqui um pequeno parênteses para citar um fato contado por uma vendedora de flores em frente ao cemitérios em Dia dos Finados. Vendeu flores lindas para o amante da falecida e meia hora depois e da mesma qualidade, para o viúvo. Segredou que gostaria de ver a cara do último em frente ao túmulo.

Outro fato verídico: o cidadão viu plantadas em volta do túmulo flores vermelhas e bonitas que ele nunca tinha visto (e ele sabia tudo de flores). Ao saber que a pessoa ali sepultada era de origem japonesa, deduziu de onde elas teriam vindo. Disfarçadamente arrancou algumas mudas plantando-as em seu jardim que logo causaram curiosidades dos vizinhos e transeuntes para alegria de esposa - que era poetisa.

E foi justamente a poetisa que descobriu oito meses depois de onde as mudas vieram. E sem piedade, embora adorasse, arrancou todas.

Fim? Não! Essa flor tem nome: Tsubaki.

Sem mais palavras e nem ponto final