Escravista e usura

Ele não é o dono da Geleco, mas é o filho do dono. Estou falando de Anderson, engenheiro da Geleco, que significa Geração Elétrica e Comissionamento.

Tudo o que passarei a relatar é verdadeiro, com uma única ressalva: os nomes foram alterados para que não sejam identificadas as personagens.

Ele trata os funcionários como escravos, sugando o máximo que pode dos pobres coitados e pagando o mínimo possível.

Por exemplo, vejam o que aconteceu com um funcionário que era competente, cumpridor do dever e que exercia a função brilhantemente. Vendo que o seu trabalho não era reconhecido financeiramente, foi pedir aumento de um real pela hora trabalhada. Pasmem! Anderson, além de não ceder qualquer centavo, ainda o demitiu.

Outro caso que me lembro é do Paraíba, um chefe de turma que era um modelo de competência e dedicação. Pediu para o patrão cento e cinquenta reais, porque a esposa estava doente e precisava de remédios caros, que exigiam mais dinheiro do que dispunha. Anderson, do alto de sua soberba, disse que não tinha. Paraíba ainda tentou mais uma vez, argumentando que o dinheiro seria um adiantamento que Anderson poderia descontar no final do mês. Desenlace da história: demissão, sem choro nem vela.

Se não bastassem esses exemplos, ainda há mais coisas ruins a se falar de tal sujeito. O café da manhã é servido às sete horas, mas a cozinheira só chega às oito. Seu Adão, um misto de zelador, vigia e pau-pra-toda-obra, com pena dos peões, passou a acordar às cinco e meia para fazer o café. Em conversa com um empregado mais graduado, explicou-lhe que não estavam pagando hora extra pelos seus préstimos. Esse empregado, Tonera, com pena do seu Adão foi ter uma conversa com o Anderson e seu pai, o seu Dauri. Recebeu como resposta que o Adão fazia o café porque queria. Tonera rebateu que se ele não preparasse o desjejum dos trabalhadores, estes ficariam fracos para o trabalho. Dauri e Anderson disseram que iriam resolver o problema. Um dia depois da conversa, seu Adão pediu para Tonera não tocar mais no assunto, pois os dois o destrataram, até usando palavrório de baixo calão, e o ameaçaram demitir. Seu Adão disse que continuaria como estava, pois, precisava demais do emprego.

O que mais marcou foi o que contou o Lambido, um jovem servente que num dia de muita gripe, e com a garganta em frangalhos, pediu uns trocados para comprar Dipirona. Anderson negou, sempre com a desculpa de que não tinha dinheiro.

O rapaz não pôde trabalhar no sábado e, no dia do pagamento, viu descontados de seu salário mais uns míseros reais.

Se essa dupla – Anderson e Dauri – vivesse no tempo da escravatura, açoitaria os negros desobedientes estampando um sorriso de glória.

Só tenho mais uma coisa para falar para esses dois e não é crítica e sim conselho:

“Limpem o espelho dos seus corações e você verão Deus”.

Aroldo Arão de Medeiros

12-09-2008

AROLDO A MEDEIROS
Enviado por AROLDO A MEDEIROS em 30/10/2024
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