DIACHO
Francisco de Paula Melo Aguiar
De tanto achar e de deixar de achar o que é certo e o que errado aqui e acolá todos os anos, meses, dias, horas, minutos e graus de segundos, as notícias de bandos armados (facções ou milícias) substituem os desarmados no campo e nas cidades metrópoles e nas favelas batizadas de comunidades, enquanto isto, o Estado Soberano fica de braços cruzados com a boca escancarada cobrando impostos diretos e indiretos para manter seus apadrinhados como cupim em madeira de lei e em nome da lei esperando à morte chegar como proclamado em versos e prosas na letra da música "Ouro de Tolo" de Raul Seixas (1945-1989):
"Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou o dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73
Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso, abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família no Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa 10% de sua cabeça animal
E você ainda acredita
Que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora dum disco voador
Ah! Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora dum disco voador".
[Fonte: Musixmatch
Compositores: Raul Seixas - Letra de Ouro de tolo © Warner/chappell Edições Musicais Ltda, Kika Seixas Produções Artisticas Ltda].
E assim não é por acaso que a letra da música "Ouro de Tolo" fala sobre a nossa mediocridade e incapacidade de compreender o real objetivo da vida, que é o despertar da consciência cívica, moral, política, educacional, o conceito de cidadania, etc.
A grosso modo de ver as coisas estão acontecendo todos os dias e nenhuma providência é realmente tomada pelo Estado que obriga pagar impostos diretos e indiretos de quem tem tudo e de quem nada tem, isto é uma tapa na cara de quem não participa da corrupção combatida em versos e prosas, sic, como simulacro de honestidade inexistente, igual a poesia que vira a massa eleitoral em épocas de eleições.
Tanto é assim ainda que por analogia "... que as pessoas pensam em injustiça é quando acontece com elas", segundo o poeta, contista e romancista alemão Charles Bukowski(19×0-+994).
Diacho não é apenas um eufemismo social, histórico, religioso, psicológico, educacional, político, policial, estatal, filosófico, biológico, sociológico e ideológico da pseudamoral pública ou privada do "diabo" ou seja aquilo que a nossa cultura popular brasileira considera ou chama de algo ruim, assim querendo ou não direta ou indiretamente para convocar o diabo democrático ou ditador dizendo "diacho" em vez de "diabo", "demo" ou "coisa ruim", para viver da arte que faz para resolver os problemas da pobreza durante as campanhas eleitorais e depois do voto dado ou vendido, nada feito, "diacho" ou um "dia acho" Lúcifer.
Então como assim não é diferente que "diacho" é de qualquer forma em versos e prosas querer dizer e dizer que é "diabo" mesmo.
E até porque não tem diabo branco, negro, feio, bonito, sedutor, galego de olhos verdes, azuis, pretos, bom ou mal, etc, não, trata-se da corrupção do corpo, da alma e do erário nos três níveis de governos em nome de um Estado que só serve para cobrar impostos e que deixa tudo passar em brancas nuvens para tirar tudo do bolso do contribuintes diretos e indiretos em nome do que acha legal para combater o que é ilegal.
Diacho, ainda que o certo e ou errado, o legal e o ilegal seja "um método infalível de produzir fanáticos é levar a crer antes de instruir" na concepção do escritor, historiador e filósofo iluminista francês Voltaire (1694-1778), não deixa de ser o Diabo mesmo em todas às suas formas ou eufemismos e esconderijos.
E mesmo assim ainda quer passar a ideia de que o "diacho" não é o "diabo", antes, durante e depois das mídias sociais agindo ou não certo ou errado com Inteligência Artificial ou não, sempre foi assim a lei da vantagem, porque todo pingo d'água corre para o córrego, do córrego para o rio e do rio para o mar que afoga quem não sabe nadar ou não faz parte da ideologia do "diacho", do fracasso.
É suborno, manipulação e tráfico de drogas e de influência em todos os naipes legais e ilegais do baralho da política partidária.
Diacho a quem devemos apelar estando certo ou errado?
A Deus ou ao Diabo?
Diacho!!!