Aprender a Amar a Si Mesma

Estou aprendendo a me amar. E quem diria que seria um processo tão longo e delicado? É como caminhar sobre um chão de folhas secas, onde cada passo ecoa, mas ainda assim se sente certo.

Aprender a se amar é uma arte esquecida, uma sabedoria que a gente não aprende nos livros, e sim nas entrelinhas da própria vida, nas falhas dos dias e nas frestas de silêncio.

A cada dia, olho no espelho e tento não me assustar com a imagem que reflete de volta. Não por que o reflexo seja estranho, mas porque, por tanto tempo, tentei ser outra, alguém que achei que era mais fácil, mais leve, mais perfeita. Só que a perfeição é um disfarce, um véu que esconde a essência, e é essa essência que finalmente aprendi a aceitar. Vejo-me agora, não como uma obra inacabada, mas como uma pintura única, cheia de nuances e pinceladas que só o tempo e as cicatrizes podem oferecer.

Olho para meus defeitos e, em vez de virar o rosto, respiro fundo e aceito. Aceito que eles são parte de mim, pedaços que, mesmo ásperos, me tornaram mais forte. Antes, eu os escondia, temia que os outros vissem a vulnerabilidade nas linhas tortas e na bagunça interna. Hoje, eles são marcas de resistência, provas de que aprendi a cair e, melhor ainda, a me levantar.

Cercada de tudo que amo, envolta nos abraços que colecionei ao longo dos anos, regada pelas histórias que vivi e que hoje, de alguma forma, contam sobre mim, sinto a plenitude de ser exatamente quem sou. E percebo que amar a si mesma é, na verdade, um resgate. É voltar ao ponto de partida, antes de todos os filtros e máscaras, e descobrir que, ali, no mais simples, sou eu. Como sempre deveria ser.

Bianca Baptista
Enviado por Bianca Baptista em 29/10/2024
Código do texto: T8185082
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