ÚTERO DE AÇO

Qualquer amor, por mais farto e robusto, se farta depois de certo tempo, fica manco e febril. A rotina e perregues vão minando e enferrujando seus trunfos, descasbelando os ares e deixando o que era tão lindo, franzino, oco e triste. Mesmo que o amor se dizia rei, se mostrava invejável, se fazia guardado em útero de aço. Daí seus atores vão perdendo o viço, tonteando os passos e cansando o chão. É assim que manda o figurino da vida, coalhando pouco a pouco o que, outrora, parecia refratário às vicissitudes do caminhar, sentir e querer-bem

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 29/10/2024
Reeditado em 29/10/2024
Código do texto: T8184383
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